Wednesday, January 16, 2008

Balada dos Doutores XVI

Os bolseiros pós-doutoramento, ali tratados como ex-bolseiros a desenvolverem actividade profissional, aqui estritamente como tal, são pessoas com ocupação precária dedicadas ao progresso da ciência em Portugal e arredores, da humanidade e do aquecimento global ou simplesmente conscientes da importância do dever. Dever a casa, o carro, a mercearia, os livros da escola dos filhos, aos médicos, à farmácia, à família e aos amigos mais chegados. Umas centenas de ingénuos e bem intencionados que, seduzidos pela miragem de um futuro brilhante, se vêm atirados para a legião dos desempregados, uma turbamulta de cerca de meio milhão, onde vão ocupar o escalão mais baixo: o daqueles que não têm direito a subsídio de desemprego, nem muitos outros benefícios sociais. Será por isso que os centros de emprego registam 63 ou 64 doutorados inscritos como desempregados? Quantos estão no sub-emprego das bolsas, dos recibos verdes, traduções, aulas a metro ou explicações? Que razões levarão um doutorado desempregado a inscrever-se num centro de emprego? A esperança de lá ser encontrado por um potencial empregador à procura de pessoal qualificado para o programa de investigação da sua empresa? Ou o contentamento de ver, divulgados publicamente, o seu Nome, Nacionalidade, Data de Nascimento, Sexo, Habilitações Escolares, Área Formação Escolar, Ano de Conclusão dos Estudos, Classificação Final, Estabelecimento de Ensino, Endereço, Localidade, Código Postal, Freguesia, Concelho, Telefone, Telemóvel, Email, Empresas onde Trabalhou, Data Início, Data Fim, Observações, Formação Profissional, Área de Formação, Entidade, Tempo do Curso (horas), Situação Actual, Pretende trabalhar a tempo, Disponibilidade para viajar, Regiões onde pretende trabalhar, Conhecimentos Linguísticos, Idioma, Oralidade, Escrita e Leitura?

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