Monday, May 18, 1998

Engenheiros Industriais de Portugal Uni-vos - Parte V/V

A desOrdem

Não é novidade para ninguém que, na Ordem dos Engenheiros, não existe a especialidade de Engenharia Industrial. Mas, também, não havia a de informática, e, agora, já existe (falta só apurar quais é que, afinal, são cursos de engenharia ou de “computer science”). Há que olhar para o número de inscritos na Ordem, em 31 de Dezembro de 1997.

As cinco grandes especialidades, em número de membros da Ordem, são, por ordem decrescente, a civil (não admira, pois são aqueles que, em maior número, precisam de estar inscritos para poderem trabalhar), electrotécnica, mecânica, agronómica (ora aqui está outra discussão interessantíssima: qual a diferença entre um agrónomo e um engenheiro agrícola?), e química.

Para um total de 28 306 membros, estas especialidades representam, respectivamente, 37, 24, 15, 10, e 9 por cento. As restantes especialidades, todas juntas, repartem, entre si, os restantes 5 por cento.

Já se referiu que minas tem 472 membros inscritos na ordem. Depois, tem-se a silvícula (com 405), geográfica (241), metalúrgica (184), informática (que com 121 membros, parece não ter despertado grande interesse da parte dos 6 654 electrotécnicos), e a naval (86, já antes do megaêxito de 1997, ninguém andava de barco, agora nem de cacilheiro, não vá aparecer aquele iceberg da Expo à solta no Tejo).

Quer dizer, há seis especialidades na Ordem com menos de 500 membros cada uma (uma delas com menos de uma centena), e foi possível criar uma nova especialidade com pouco mais de 100 membros.

A Ordem tem toda a razão para ainda não ter criado a especialidade de Engenharia Industrial. Que se saiba, ainda não apareceram, ao mesmo tempo, nem sequer dois membros da Ordem a pedir a criação dessa especialidade. Um, sei que já houve, mas estava sózinho. Se não há interesse, não há razão para haver a especialidade.

Mas não há mesmo? Da parte dos licenciados é difícil dizer. Da parte dos alunos dos cursos da área de engenharia industrial parece haver alguma preocupação, pois, naturalmente, também querem ser engenheiros. Por isso, a Ordem lá vai acomodando, alguns dos que terminam os cursos, nas outras especialidades. Aqueles cujos cursos são reconhecidos pela Ordem, claro. Quantos?

É difícil dizer quantos licenciados em engenharia de produção, pela Universiade do Minho, e em engenharia de produção industrial, pela Universidade Nova de Lisboa, estão inscritos noutras especialidades da Ordem. Uma consulta a uma base de dados da própria Ordem, mas que não dá garantias de cobrir todo o universo, encontrou 70 licenciados engenharia de produção industrial, pela Universidade Nova de Lisboa, e só dois licenciados em engenharia de produção, pela Universiade do Minho. Poderá haver mais, repete-se.

Isto é, existem, já inscritos na Ordem, pelo menos 72 engenheiros, potencialmente interessados na criação da especialidade de Engenharia Industrial. Este é um número pouco inferior ao dos membros de uma das actuais especialidades. O número de licenciados, por qualquer dos dois cursos citados, é, já hoje, de várias centenas. O que falta para a criação da especialidade é que se organizem para tal.

É isso: organizem-se, organizem-se, para, também, entrarmos na Ordem.

Monday, May 11, 1998

Engenheiros Industriais de Portugal Uni-vos - Parte IV/V

Onde Pára a Engenharia Industrial?

Se a “arrumação” dos Doutorados no Sistema Científico e Tecnológico Nacional em 1995, por domínio de actividade, feita pelo Observatório das Ciências e das Tecnologias, é difícil, a classificação por instituições é ainda mais complicada.

De engenharia de minas há um centro no FEngUPorto (de georecursos), mais dois centros (de geotecnia e de valorização de recursos minearis) e um departamento, todos no ISTUTLisboa, com alguns nomes de doutorados duplicados, como é natural. De metalúrgica tem-se um centro na FCieUPorto (de materiais) e um departamento no INETI (também de materiais). A engenharia e tecnologia mecânicas (e de materiais) conta, em materiais, com um centro na FCTUNLisboa, um departamento no ISTUTLisboa, um instituto com pólos na FCTUCoimbra e ISTUTLisboa, outro instituto com um pólo na UMinho e outro não se sabe aonde, e uma unidade de investigação na UAveiro.

A oferta de química, mecânica, civil, electrotecnia, e até de biotecnologia, é mais variada com centros, departamentos, institutos (parece estar na química o que falta do instituto de materiais que, então, terá um pólo em Braga e um núcleo no Porto), laboratórios, associações, secções e unidades. De naval há uma unidade no ISTUTLisboa. Trata-se de formas diferentes em que os doutorados se organizam para fazerem a sua investigação, sendo, normalmente, os vencimentos pagos pela instituição que aparece em subtítulo.

As instituições em que os doutorados de Engenharia Industrial fazem a sua investigação estão um bocado desarrumadas. Há um centro de investigação operacional (e um departamento de estatística e investigação operacional) na FCULisboa e outro centro de matemática e aplicações na FCTUNLisboa (domínio 11), um centro de tecnologias da produção e energia na UMinho, o departamento e instituto de engenharia mecânica e gestão industrial na FEngUPorto (todos no domínio 36), um centro de sistemas urbanos e regionais no ISTUTLisboa (38), mais um centro na UMinho (42). Um grupo de disciplinas (mas que raio de nome!) de Engenharia Industrial na FCTUNLisboa, e um núcleo de análise do valor no INETI (46). Parece haver doutorados de Engenharia Industrial num centro de estudos de economia e gestão na UMinho e na FEcoUNLisboa (78), no departamento de ciências de gestão do ISCTE, na secção autónoma de gestão e Engenharia Industrial da UAveiro, e na unidade de economia e gestão industrial do ISTUTLisboa (82).

Também aqui é notória a falta de um domínio ou subdomínio de Engenharia Industrial. Com ele se poderiam identificar os doutorados de Engenharia Industrial que se forem formando e organizando nas várias istituições. Diminuiria, assim, a necessidade de associação dos doutorados de Engenharia Industrial, com outros grupos, por razões estratégicas. E a força estaria connosco!

Monday, May 04, 1998

Engenheiros Industriais de Portugal Uni-vos - Parte III/V

E os doutorados de Engenharia Industrial por onde é que andam?

Por todo o lado, segundo a listagem dos Doutorados no Sistema Científico e Tecnológico Nacional em 1995, publicada pelo Observatório das Ciências e das Tecnologias. Há alguns na investigação operacional (subdomínio 118), no “outro domínio/disciplina” da matemática (129), na tecnologia industrial (367), no “outro domínio/disciplina” da mecânica (369), na automação (421), mais uns quantos na engenharia de sistemas (465), no “outro domínio/disciplina” das ciências de engenharia diversas (469), na optimização da produção (827), na organização da produção (828) e no “outro domínio/disciplina” da organização e gestão de empresas (839). Se calhar ainda há mais, espalhados por outros subdomínios ou sem subdomínio nenhum. E há, também, os que se doutoraram desde 1995. Todos juntos somos mais que os doutorados de muitos domínios e subdomínios reconhecidos pelo Observatório (também não é dificil, dada a quantidade deles que estão a zero).

Certo é que se não se arranja um domínio ou subdomínio com que todos os doutorados de Engenharia Industrial se possam identificar, estamos feitos.