Será que os desequilíbrios hoje verificados na formação de doutorados no País se deve, essencialmente, ao acumular de anos de más políticas de investigação, da proliferação de doutoramentos desajustados da realidade e da limitação de doutoramentos em determinadas áreas, favorecendo outras, porventura menos necessárias para a saúde do nosso tecido empresarial e produtivo? Será esse desequilíbrio provocado pelos responsáveis da investigação, pelos Governos, que optam por uma política que provoca limitações ao acesso e ao doutoramento em certas áreas, empurrando os doutorandos para outras? Será provocado por decisões pouco ponderadas de oferta de doutoramentos sem olhar às necessidades do país, empurrando agora essa responsabilidade para as instituições de ensino superior? Será esse desequilíbrio provocado pela falta de formação de profissionais e de doutorados em diversas áreas, pelo desmantelamento aparelho produtivo, da investigação e de outros vectores essenciais para o desenvolvimento e para o emprego? Como têm os governos tentado corrigir esse desequilíbrio? Permitindo a diminuição acentuada de postos de trabalho, principalmente no que toca a trabalho com direitos e vínculos contratuais? Abdicando de adaptar as instituições de investigação às reais necessidades do país e de cuidar o tecido empresarial e produtivo português? Desaproveitando a maximização do capital humano do país e deixando o seu ajustamento às regras do mercado de trabalho? Deixando ser o mercado de trabalho a condicionar e a ditar o rumo do país em matéria de formação dos seus doutores? Entendendo que cabe aos candidatos a doutoramento optarem pelas áreas de maior emprego, bastando-lhes saberem quais as que garantem futuro emprego? Deixando o mercado funcionar e esperar que a mão invisível venha intervir nas injustiças? Deixando que exista uma classificação das instituições de investigação, não um com base na sua qualidade, não com base na sua capacidade científica, mas tendo como base a absorção que o mercado de trabalho faz dos doutorados provenientes dessas instituições? É a essas instituições que cabe a responsabilidade de dar uma resposta especialmente dedicada aos caprichos do mercado de trabalho ou cabe também ao Estado intervir na regulação do mercado de trabalho e na criação de alternativas para o emprego?
Os meus maiores agradecimentos à doutora Ana Delicado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa pelas suas contribuições para a elaboração deste texto.
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Sunday, January 13, 2008
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