A Universidade do Futuro só pode ser uma alternativa credível se baseada em conclusões bem fundamentadas de estudos de carácter técnico e científico. A realização desses estudos ultrapassa, largamente, as possibilidades e disponibilidades de uma só pessoa, actuando por conta própria, num contexto voluntarista. Está em causa, portanto, uma proposta de projecto que capte o financiamento adequado para mobilizar os recursos e as competências capazes de realizar esses estudos. Só então deve ser ponderada a viabilidade da Universidade do Futuro.
Esta linha de acção parece ser a mais adequada e enquadra-se bem no momento que o país atravessa. No âmbito do ensino superior, assiste-se a desenvolvimentos em duas direcções opostas: a Europa e os EUA. A adesão ao processo de Bolonha e a encomenda de um estudo à ENQA, são iniciativas de cariz Europeu. Simultaneamente, foram feitos grandes negócios com o MIT, CMU (ambas privadas) e a UT, todas Americanas. Um outro estudo foi encomendado à OCDE, uma organização com sede em Paris, mas de escala global, com uma forte presença Anglófona. Assim, grosso modo, dá-se a aparência de que o que é bom para o ensino superior (já com reputação de enteado), não serve para a ciência (a filha dilecta) e vice-versa.
Vive-se, também, um momento em que, para além dos estudos já referidos e cujo custo se desconhece, não são poupados meios próprios ou da EU para estudar o novo aeroporto de Lisboa e o TGV. Para ambos os casos, existem até empresas (a NAER e a RAVE) com a missão de desenvolverem e coordenarem os trabalhos e estudos necessários para a formação de decisões de planeamento, lançamento, execução, financiamento, fornecimento e exploração. Os capitais sociais da NAER e RAVE (não se sabe se a sigla foi escolhida propositadamente) são (ou eram, que estas coisas estão sempre a mudar) de 13,75 e 2,5 milhões de Euros, respectivamente.
O volume de trabalho é grande e os custos enormes. Apesar da construção de um novo aeroporto fazer já parte do 4.º Plano de Fomento para 1974/79, esses «voos» foram cancelados em 1974. Relata-se, então, que só entre 1997 e 2005 foram realizados cerca de 70 estudos, com um custo total de 12,7 milhões de Euros, e os «estudiosos» continuam a facturar. Do total referido esclarece-se, sempre, que a comparticipação da EU foi de 6,6 milhões de Euros. Como se esse dinheiro caísse do céu e não dos bolsos dos Portugueses, naquele sistema de aspiração automático, também conhecido por IVA.
Para o TGV, o custo dos estudos, em número indeterminado, é estimado em 90 milhões de Euros. Estes dois uberprojectos estão, portanto, a ser muito bem estudados e são, eventualmente, pagos ao quilómetro à velocidade do transporte aéreo ou do próprio TGV.
Como a universidade se move muito mais lentamente, não é de crer que o que se sugere imponha nada que se pareça, em termos de esforço financeiro. Agora que merece uma atençãozinha, isso merece. Afinal está a pensar-se gastar tanto em ferro e betão (tudo do melhor e vindo de fora) e a formação superior dos Portugueses continua a seguir ao sabor da corrente, sem vela, nem motor e com o ocasional timoneiro aborrecido ao leme?
Os recursos humanos deste país são ou não são o seu maior e melhor recurso (depois do Sol, é claro)? É a singularidade do povo Português que faz desta uma grande nação. Os Portugueses são o elemento crítico para o desenvolvimento do país. A qualificação dos recursos humanos nacionais é o investimento de maior valor acrescentado que o Estado pode e deve fazer. É essa a principal prioridade da boa governação.
Então onde está a dúvida em estudar uma alternativa que pode ser uma verdadeira revolução do nosso ensino superior? Uma revolução sem vítimas, sem sangue, mas que poderá ficar na história como uma viragem decisiva. Um salto qualitativo para a modernidade e o progresso.
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