Entre todas as propostas que vão sendo postas em prática, as que mais me ficam «atravessadas» são aquelas que ficam «adormecidas» mais tempo.
Em Dezembro de 1987, no âmbito duma proposta de alteração da portaria do curso de licenciatura em engenharia de produção industrial, preconizava a entrada em funcionamento de um conjunto de disciplinas, o que só veio a acontecer na totalidade, em 2004, dezassete anos depois.
Logo no ano seguinte, em Maio de 1988, auscultava os órgãos de gestão sobre a oportunidade de uma licenciatura em engenharia de produção industrial com dois anos, para alunos com o equivalente a três anos de outros cursos. A «análise preliminar» da proposta foi inconclusiva e o curso entra em funcionamento (desta vez conducente ao título de mestrado) no ano lectivo de 2007/08, dezanove anos mais tarde.
No mesmo ano de 1988, em Julho, propus a formação de formadores de técnicos de dezassete especialidades de engenharia industrial. A proposta teve a mesma sorte de quando a tentei reanimar, ainda agora, em Outubro de 2006, no âmbito da formação ao nível do 1.º ciclo: até à data, não tive qualquer resposta. De 1988 até hoje, já lá vão os mesmos dezanove anos.
Após demoradas consultas, em Março de 1991, com o beneplácito do Reitor e do director de Faculdade de Economia, solicitei que fosse formalizada a proposta, que eu próprio redigira, no sentido de os alunos do curso de licenciatura em engenharia de produção industrial terem a possibilidade de se inscreverem em disciplinas na Economia. Um parecer de um professor convidado, que julgava a proposta «inconveniente à formação dos alunos», pôs fim à audácia. Isto numa época em que, conforme se invocava, já se encontrava em funcionamento o programa Erasmus. Já lá vão dezasseis anos. Mobilidade sim, mas para Campolide não.
Concluído um trabalho em Novembro de 1994, aprovado pelo Senado em 1995, perante a passividade dos órgãos de gestão, propus a criação de um novo curso de licenciatura em engenharia e gestão industrial, em Março de 1997. A licenciatura em engenharia e gestão industrial começou a funcionar (por alteração da designação de engenharia de produção industrial) no ano lectivo de 2002/2003, passados oito anos, com um elenco de disciplinas diferente do proposto em 1994.
Em 1999, na sequência do interesse manifestado por um colega, escreveria um apontamento sobre a criação de um bacharelato em engenharia e gestão industrial, o que virá a entrar em funcionamento (agora com o título de licenciatura, mas com a mesma duração de três anos) no ano lectivo de 2007/08, passados oito anos.
Com inúmeras peripécias, avanços e recuos, foi realizado, em Janeiro de 2002, um inquérito «de resposta obrigatória» que levaria à aprovação da aceitação de teses de doutoramento redigidas noutro idioma, que não o Português. Esta decisão e os incidentes têm-se repetido noutras universidades. Na resposta ao inquérito (de que não tenho cópia) propunha que todas as actividades académicas em língua estrangeira fossem enquadradas numa escola internacional. O esquema ad-hoc que tem vigorado é mais consentâneo com as características organizativas das instituições portuguesas.
De referir, ainda, que os meus pedidos para divulgar o expediente relativo às propostas da licenciatura «terminal» de 1988, de alteração da designação de 1997, cópias de documentação relacionada com a proposta de colaboração com a Faculdade de Economia de 1991 e do inquérito de 2002, não têm qualquer resposta, desde Outubro de 2006.
Por isso me questionava, no último parágrafo do meu comentário: Porque é que as minhas propostas têm que adormecer na gaveta, vinte anos ou mais, por se considerar que não são oportunas, que estão à frente do seu tempo? É para estar à frente do seu tempo que a Universidade existe. É por essa razão que estou na Universidade.
Everything you wanted to know about higher education but were too bus(laz)y to search the Web
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