Monday, December 18, 2006

G16. Avaliações

O relatório da ENQA

Com a pompa e circunstância que certamente me entrará em casa daqui a uma hora, por via do telejornal, e com a ausência, digna, dos membros do CNAVES, foi apresentado o relatório/proposta da ENQA sobre o sistema de garantia de qualidade, vulgo avaliação e acreditação. Fiz um «link» na minha página de entrada, que aqui repito. Como é um documento indigesto de quase uma centena de páginas, extraí o resumo e recomendações.

Muita parra para tão pouca uva. Já tive oportunidade de ler cuidadosamente o relatório da ENQA. Não há uma única ideia que não esteja abundantemente desenvolvida em documentos da ENQA, facilmente acessíveis, em documentos de diversas agências europeias de avaliação (note-se que a ENQA não é uma agência, com experiência directa), nos Trends sobre Bolonha e em tanto escrito português, inclusive do próprio CNAVES. …

Toda essa documentação só me custa a assinatura da net, o tempo de «download» e a impressão, porque só gosto de ler em papel, anotando. Em contrapartida, Sr. Ministro, quanto pagou à ENQA? …

João Vasconcelos Costa, 2006/11/22.


Pois...JVC...

Estou a ver que a ENQA enfrentará sérios competidores.

Não culpo a ENQA, esta não poderia mesmo dizer nada de diferente.

Ainda hoje, de conversa com outras pessoas sobre este mesmo assunto, ouvi dizer a um ainda jovem professor:

«Ah! Que pena não sabia que sua excelência o Senhor MCTES precisava tanto desta informação; desde 1998, que não digo outra coisa, sobre esse assunto - teria ido a Lisboa de bom grado dizer-lhe tudo isso e saía-lhe baratinho, e há que tempos....»

Na verdade, pensei eu, poderíamos dizer-lhe tudo isso e mais umas coisinhas, por mail, e até se economizava o bilhete de comboio...

Aliás, tenho a certeza que foram referidas, por escrito, todas essas recomendações por algumas comissões de avaliação de cursos/instituições.

Regina Nabais, 2006/11/22, 23:54.


(Sem título)

Efectivamente, a montanha (ENQA) pariu um rato, como seria aliás inevitável perante toda a reflexão já disponível, incluindo publicações em Português. Se o Sr. Ministro tivesse lido o estudo encomendado ao Prof. Veiga Simão pela sua antecessora, divulgado em finais de 2004 e publicado (Gradiva) em Fevereiro de 2005, poderia ter já a sua agência de avaliação e acreditação a funcionar, em moldes muito semelhantes (mas com melhorias, a meu ver) aos agora propostos, e teria evitado dois anos de paralisia na dinâmica de criação de uma cultura de «quality assurance» que se tinha vindo a estabelecer ao longo de dez anos. Teria, também, evitado os atropelos às boas práticas que pulularam em todo este exercício de avaliação, do qual nem o País nem a ENQA saem com boa imagem.

Mas cumpriu-se o rito, e o Sr. Ministro poderá agora ter a satisfação de executar o que os peritos estrangeiros (os «juízes de fora», numa expressão feliz de alguém muito ligado a esta problemática) lhe mandaram fazer.

Sérgio Machado dos Santos, 2006/11/23, 10:09.
Membro demissionário do CNAVES


(Sem título)

O livro de que fala Sérgio Machados dos Santos é: José Veiga Simão, Sérgio Machado dos Santos e António Almeida Costa - Ensino superior: uma visão para a próxima década. Gradiva, 2002, ISBN 972-662-880-6. Foi depois publicada uma versão mais desenvolvida: José Veiga Simão, Sérgio Machado dos Santos e António de Almeida Costa - Ambição para a excelência: a oportunidade de Bolonha. Gradiva, 2005. ISBN 989-616-025-2.

Em ambos os casos, não é difícil adivinhar quem é o autor do óptimo capítulo sobre avaliação.

João Vasconcelos Costa, 2006/11/23, 11:04.


(Sem título)

Não, Sérgio. Não posso concordar com a ideia de que a montanha pariu um rato. Simplesmente porque não havia montanha. Criou-se essa ideia artificialmente. Escreveste o relatório de auto-avaliação, um excelente documento, e tiveste o prazer de o ver validado. Deveria ser só isto. Não foi. Fizeram crer que havia uma montanha, chamaram-se muitas pessoas para ouvir dizer uma coisa, que acabou por não ser dita: o CNAVES tinha razão; o seu relatório, à parte pequenos pormenores é, por nós validado por que diz tudo o que há para dizer. O problema é que neste país de pacóvios se faz uma sessão pública para uma coisa tão simples a que nós estamos habituadíssimos. Já viste o que era termos televisões e jornais quando fazemos avaliações no estrangeiro? Era uma maravilha! Ficávamos famosos por obra de quem só queria fazer sangue (e aqui incluo todos os que colaboraram na crucificação do morto CNAVES).

Andaste estes anos todos a fazer o frete de pertenceres ao CNAVES para te dizerem que és muito mau! Mas quem disse não foi a ENQA. Foram os que não leram o relatório do painel.

Virgílio Meira Soares, 2006/11/23, 12:23.


(Sem título)

… É que isto já foi mais do que dito e redito e não valia a pena ter contratado a ENQA para isso.

Por outro lado, é preciso fazer justiça. O problema da independência é mais teórico do que real. Felizmente, nunca ouvi falar de um relatório de avaliação, nestes dez anos que o processo já leva em Portugal, que tenha levantado suspeitas de inquinamento na isenção, num sentido ou no outro. No entanto, concordo que à mulher de César não basta ser séria.

João Vasconcelos Costa, 2006/11/24, 11:11.


O relatório da ENQA (II)

O trabalho da ENQA aproveitou, segundo as normas, um relatório de auto-avaliação da responsabilidade do próprio CNAVES. Só há uma hora acabei de ler, muito interessadamente, esse «Self-evaluation Report», publicado já em livro como edição do CNAVES. Por só agora ter concluído a leitura, não falei dele ontem. A sua autoria é de um grupo de trabalho coordenado por Sérgio Machado dos Santos a quem também se deve a redacção.

No essencial, a ENQA não avança uma critica que já não esteja no relatório SMS e, por vezes, ao contrario deste, descontextualiza-as, como, por exemplo, apontando responsabilidades difusas, quando elas cabem inteiramente aos governos ou à falta de dispositivos legais, de que o CNAVES não tem culpa. Por exemplo, a falta de consequências das avaliações e a falta de mecanismos de seguimento («follow up»).

É certo que o relatório SMS não faz recomendações, nem tinha de as fazer. No entanto, é evidente que quem formula as criticas, de forma articulada, é porque reflectiu e certamente sabe extrair delas as decorrentes recomendações.

… o estudo da ENQA é inócuo …

João Vasconcelos Costa, 2006/11/23.


O futuro modelo de avaliação e de Acreditação do Ensino Superior


Fixando como objectivo produzir uma análise sobre o passado e o presente do sistema de avaliação externa das instituições de Ensino Superior, e propor recomendações para um futuro modelo de avaliação e de acreditação do Ensino Superior, o relatório da ENQA é menos prospectivo e indicativo do que aquilo que se esperava, escudando-se, recorrentemente, em propostas vagas e imprecisas, assentes em princípios amplamente conhecidos. …

…Mais importante que avaliar a qualidade é estimulá-la. …

SNESSup, 23-11-2006



Avaliação (Bem) Reprovada

Em suma, o relatório veio confirmar aquilo que qualquer observador atento já sabia …
Notas Da Católica
Fernando Machado
Professor da FCEE – Católica
«Expresso», 2006/12/01


Avaliação Final

The 96 page, ENQA Occasional paper 10, Report by an ENQA review panel, Quality Assurance of Higher Education in Portugal, An Assessment of the Existing System and Recommendations for a Future System, November 2006, isbn 952-5539-15-6 (paperbound), isbn 952-5539-16-4 (pdf), issn 1458-1051, the final report of the ENQA review of the accreditation and quality assurance practices in the Portuguese higher education (EPHE) project, funded by the Portuguese Ministry of Science, Technology and Higher Education (MCTES), © European Association for Quality Assurance in Higher Education 2006, Helsinki, Finland, is not worth the 1,38 MB of storage space it takes on a computer hard disk.

No comments: