Saturday, February 16, 2008

Actualidades I.74. Ensino Liceal e Técnico Profissional

A divisão do ensino secundário em liceal e técnico profissional, na sua actual estruturação, tem igualmente repercussões desfavoráveis em matéria de democratização do ensino. Os alunos do ensino técnico profissional formam um conjunto de candidatos eventuais ao Ensino Superior, distinto do dos seus colegas do ensino liceal e com personalidades de acesso muito mais modestas.

Em primeiro lugar, a própria índole dos cursos, reflectida no elenco e conteúdo das suas disciplinas, reveste-se de um carácter acentuadamente pragmático, pois que fundamentalmente se destinam a conceder uma habitação profissional. Essas características mais utilitárias contrastam com a formação habitualmente seguida nos cursos superiores, exigindo, por isso, esforços suplementares.

Em segundo lugar, o número de anos a percorrer para se chegar ao Ensino Superior excede, em regra, o septénio liceal em uma, duas ou até três unidades, obrigando ainda a uma mudança de grau do ensino secundário (em sentido estrito) para o ensino médio.

Em terceiro lugar, os institutos de ensino médio constituem um verdadeiro nó de estrangulamento do sistema, pelo seu reduzido número e consequente concentração geográfica em Lisboa, Porto e Coimbra.

Em quarto e último lugar, o leque de opções que se oferece aos alunos do ensino técnico está limitado àquelas Faculdades ou Institutos superiores que mais de perto se relacionam com a preparação ministrada nos diversos institutos médios.

Não só, ao contrário do que acontece no liceu, os cursos médios não dão acesso a algumas faculdades, v. g. Medicina, Direito e Letras, como ainda o grau de estanquicidade entre os diferentes cursos, agrícola, comercial e industrial não sofre comparação com as várias alíneas do 3.º ciclo liceal.

Por estas razões não admira que a entrada dos novos alunos nos cursos superiores através do ensino médio seja to diminuta.

No ano lectivo de 1960/61 a participação na entrada dos cursos superiores por parte dos alunos do ensino médio cifrou-se em 5%. (p. 241 e 243).

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