Tuesday, March 25, 2008

Actualidades I.37. Binómio Ensino-Investigação

Reconhece-se hoje que a investigação nas universidades tem de desempenhar um papel muito especial em toda a problemática da investigação, não só porque aí se devem formar os investigadores cada vez mais necessários nos outros sectores, mas também porque a qualidade da pesquisa universitária virá a condicionar o nível de todo o ensino que se ministra nas escolas superiores. Ao contrário da educação tradicional, que se considerava acabada no fim dos estudos universitários, vivemos hoje na era da educação permanente, e é imprescindível desenvolver nos estudantes a capacidade para aprender, o gosto pela inovação. Nos mais altos níveis do saber, a investigação e o ensino são indissociáveis, reforçam-se mutuamente de diversas formas e cada um deles enfraquece-se apreciavelmente se não for alimentado pelo outro: «são como que dois pólos de um mesmo magnete». Por isso mesmo é desejável que o pessoal docente universitário trabalhe em regime de tempo completo e possa dedicar grande parte da sua actividade à investigação científica e que as universidades estejam em condições de financiar, pelos seus fundos ordinários, os meios fundamentais do ensino e da investigação, incluindo os que dizem respeito aos cursos para pós-graduados. Ora um dos grandes males das universidades europeias é não estarem preparadas para esta união frutuosa entre o ensino e a investigação. A sua estrutura não se tem mostrado nada favorável a certas condições prévias da investigação moderna: o ensino universitário está dividido […], o que prejudica o estudo das matérias mais recentes, nomeadamente as que rompem com a divisão clássica do trabalho científico, e dificulta o desenvolvimento dos domínios cujo futuro é mais prometedor. Enfim, os esforços científicos desenvolvidos na Europa dispersam-se por um certo número de pequenas unidades, de modo que é impossível concentrar fundos suficientes para empreender um trabalho de grande envergadura num dado centro. Parece mesmo que a diferença de estrutura entre as universidades europeias (com a possível excepção do Reino Unido) e as americanas (que foram constituídas sob a forma de organismos autónomos, mesmo no caso das universidades estaduais) tem sido uma das principais causas da fuga de cientistas para os E. U. e pelo desnível que se verifica hoje entre os dois continentes no plano científico e tecnológico. (p. 132 e 134).

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