Neste contexto: a) o estudante é quase só estudante, como se a vida universitária fosse para este a vida sem mais: é o preconceito do «instrucionismo» - que valoriza o conteúdo de um conhecimento registado, cujo expoente mais significativo é o da lição lida; b) há, ainda, o preconceito do «nivelamento»: tudo se comunica como se todos os estudantes fossem intelectualmente iguais, como se as motivações e interesses fossem idênticos, como se o nível de conhecimento e das informações não variassem; c) a segurança-insegurança do didactismo do professor-expositor-autoritário reforça no estudante a necessidade da dependência infantil, obsta ao desenvolvimento das capacidades de decisão e de reflexão; tais atitudes do professor provocam nele o condicionamento afectivo e intelectual. Só nos damos conta, devidamente, de tudo isto, quando procuramos interagir de outra forma, pois, então, se vê que, apesar de todos os protestos de trabalho individualizado e responsável, os estudantes têm uma dificuldade imprevisível em adaptar-se a um modelo de comunicação do tipo A ←→ B e, depois de um primeiro momento de entusiasmo, retomarão as atitudes passivas a que estavam habituados, se o professor não exercerem sobre si próprio uma continua ascese contra a sua auto-suficiência e contra o desânimo face à insuficiente responsabilização do estudante para com o seu trabalho.
Deve, então, lembrar-se o professor de que, ao ensaiar um novo sistema do tipo A ←→ B, ter-se-á que haver com um sem-número de fenómenos de resistência , próprios às situações de mudança . Trata-se de um período transitório, que poderá durar alguns meses.
É que não basta, nem o professor, nem aos estudantes, desejarem mudar o seu sistema relacional. Todos eles vivem numa certa estrutura orgânica educacional que raramente lhes facilita a transformação que prosseguem; isto é tanto mais grave quanto maior for o estado de dependência, de falta de capacidade de decisão, em que se encontrarem.
Mas as estruturas do tipo A ←→ B pesam tanto sobre os sujeitos que nelas se inserem que as experiências de psicossociologia revelam que os estagiários pós-graduados, inseridos nas estruturas do antigo ensino, facilmente retomam os comportamentos de dependência estudantil. (p. 205-206).
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