Friday, May 04, 2007

Actualidades II.28. A Concentração Universitária.

PORTAS, NUNO; MARTINS BARATA, J. P. – A Universidade na Cidade: problemas arquitectónicos e de inserção no espaço urbano, in «A Universidade na Vida Portuguesa», vol. 2, Lisboa, Gabinete de Investigações Sociais, 1969, p. 204 – 221.

Excertos:

Quais as razões que estão na base … da concentração dos centros de ensino superior? Há uma razão de carácter social e cultural e uma razão de carácter económico. A primeira resulta de se pretender que este conjunto de espaços constitua um meio social, na medida em que hoje se não sabe bem se a formação universitária progride mais pelos corredores, bibliotecas, institutos, se pelas aulas propriamente ditas; se progride mais pelos intervalos – tempo de estudo de grupos e convívio -, se pelos tempos de ensino rigorosamente programados. E o mesmo quanto à própria projecção da universidade sobre a cidade, que se mede sobretudo pela permeabilidade que aquela consiga com a vida quotidiana na promoção generalizada da sociedade. Pretende-se, portanto, criar um meio social não especializado, onde se encontrem pessoas de todas as formações, que procurem na convivência, uma compensação crítica à atomização dos conhecimentos … Parece existir também a ideia, consciente ou não, de que certas «misturas de formações» podem ser perigosas para a mais rápida especialização que as pressões económicas solicitam do ensino, nomeadamente nas disciplinas mais acentuadamente tecnológicas. … (p. 205).

… a arquitectura universitária deveria prever uma estrutura física que, a cada momento-chave, permitisse à Universidade mudar de estrutura orgânica. (p. 209).

O terceiro grupo das razões que militam a favor de uma concentração, são as de economia: a carência de professores, de meios de ensino, de capitais para investir na educação superior … Qualquer política que tenda a dispersar os «centros de ensino» implicará a revisão dos equipamentos, e até dos mais onerosos … Assim, toda uma série de equipamentos da mesma natureza … deveriam ser comuns e estar ao alcance de todas as Faculdades, sujeitos a horários que permitissem o seu pleno emprego. Sirvam de exemplo os «centros de computação», … os centros de documentação, as bibliotecas … que se não podem repetir onerosamente em cada Escola.

Todas estas razões militam a favor de uma estrutura universitária na qual haja um grupo de equipamentos de serviço, comuns a … todos os Departamentos e Centros de Investigação, construídos à medida que as verbas possam ser canalizadas e pedindo articulações muito fáceis, quer por sistemas electrónicos … , quer e sobretudo através de pequenas distâncias e de tempos de trajecto curtos … (p. 209 - 210).