Tuesday, September 18, 2007

Actualidades III.4. Fundação de Novas Universidades

… Eu sustento que não é possível empreender a reforma das Universidades existentes se não se fundarem novas Universidades.

… A reforma das Universidades existentes é necessária e é possível, … se não houver Universidades de outro estilo, Universidades de outro tipo institucional, Universidades com espírito diferente, a reforma universitária fica parada a breve trecho. … O que são, pois, as novas Universidades? Como devem ser constituídas? Onde devem ser colocadas?

Primeiro ponto: as Universidades serão, não do tipo tradicional, que é o nosso, o da Espanha, o da França e dos países latinos, europeus e latino-amricanos, de uma maneira geral. Estes são tipos irreformáveis, ou antes, auto-irreformáveis. São necessariamente Universidades de tipo diferente, Universidades do tipo anglo-saxónico. São estas Universidades que têm mostrado nos tempos modernos possuírem uma capacidade de adaptação ao muno e à vida, uma flexibilidade de tal que podem continuar a desempenhar o seu papel actual e tradicional, sem alterarem fundamentalmente as suas características básicas. …

… Estas Universidades deverão ser consagradas às ciências que não estão cultivadas nas nossas Universidades, isto é, àquelas ciências que já deviam ter entrado dentro dos currículos universitários há muitos anos, o que, devido ás resistências das próprias instituições, não tem sido possível. …

Por outro lado, há um ponto muitíssimo importante, que é a ligação das Universidades com os centros científicos estrangeiros. Aqui não pode haver provincianismos. Na cultura não pode haver provincianismos, temos de estar abertos ao Mundo …

Não tenhamos medo de perder a nossa independência cultural, não tenhamos medo de nos abastardarmos, pensando por figurinos estrangeiros. … O génio próprio português … consiste na tradução, transformação e aplicação de todos esses conhecimentos à realidade portuguesa, para que ela por fim dê o arranque e comecemos a ser uma sociedade verdadeiramente moderna e europeia. (p. 18 – 21).

1 comment:

Alexandre Sousa said...

Assino por baixo, ponto por ponto.
Um dia destes, num auditório com cinquenta crentes, eu dizia com suficiente clareza e sem falácia alguma:
- Como é possível, uma universidade falar colectivamente em nome de um estatuto de topo e diferenciado por uma espécie de categoria celestial, que apresenta um catálogo de cursos concorrente com o catálogo do ensino politécnico?
A resposta da assistência foi zero.
Como é possível, em 9 anos de discussão sobre o processo de Bologna, não aparecer um projecto universitário a marcar a diferença, precisamente apesar de Bologna?
Como é possível, cursos, disciplinas, planos de instrução, genericamente do tipo bate, escova aspira?
Estava a seguir o Prós-e-Contras da passada segunda-feira e não consegui encaixar a quantidades de anedotas que uns e outros contavam entre si, sem cuidar do facto de estarem a falar para um país imenso a quem é vendido o prestígio e o respeito por gente que só fala para o seu pequeno grupo e por histórias menores?

Qualquer um de nós, terá contos sem fim para deixar aos netos sobre a construção da educação superior nos últimos 30 anos, mas temo que não encontraremos a tal pedra sobre a qual seja possível construir a «nova universidade», é que a universidade que temos é espelho da nossa sociedade, acomodada, pequena, invejosa. Aqui, confesso, sou um pessimista.

Um abraço