Wednesday, September 19, 2007

Actualidades III.3. As Universidades Não Se Auto-Reformam

… desejava fazer alguns breves comentários a uma fórmula que não posso dizer que é da minha autoria, porque nada daquilo que eu digo é da minha autoria. Quando digo «eu», subentende-se «nós», quer dizer, um grupo de pessoas que deseja que as reformas universitárias se façam segundo um determinado espírito.

Eu sou apenas aqui, neste momento, o ressoador, o verbalizador dos anseios e esperanças de um vastíssimo grupo que não tem acesso a esta tribuna e muitas vezes nem acesso sequer aos órgãos de informação. Eu disse e volto a afirmar, «nós dissemos», que as Universidades não se auto-reformam.

Esta fórmula, que me parece evidente e que nem sequer fui eu que a inventei, apenas me cabendo alguma responsabilidade na sua vulgarização entre nós, tem sido combatida com um argumento que me parece sofístico e que eu vou apresentar. … Quando digo que as Universidades não se auto-reformam, quero significar que as Universidades não tomam a iniciativa da reforma nem a acompanham até às últimas consequências. E quando chamo reforma … digo transformação da vida universitária, e não apenas mudança de cadeiras ou de horários.

Nem na história, nem no presente, as Universidades do estilo coimbrão-napoleónico-latino, que são as nossas, jamais se auto-reformaram. É isto que quero dizer quando falo na impossibilidade de as Universidades se auto-reformarem. Não quero dizer, e seria uma tolice afirmá-lo que elas são insusceptíveis de progredir, são susceptíveis de se actualizar, se uma força externa as impulsionar e se contarem no seu seio com núcleos de pessoas ou indivíduos isolados … que sejam capazes de tomar nas suas mãos a condução de uma reforma verdadeira. (p. 16 – 18).

1 comment:

Alexandre Sousa said...

Estava aqui a ler a produção do VM e a lembrar-me que alguns membros da família dos Habsburgos têm uma deformação peculiar no lábio inferior. Concentrando alguma atenção nos retractos de um membro da família que viveu no século XIX e de um seu descendente do século XX, podemos, com total margem de segurança, supor que a estrutura material do gene, responsável pela característica anormal, foi transmitida de geração em geração, reproduzida sempre fielmente.
Este é também um drama de que padecem as nossas Us e os nossos Ps. Não só os genes não têm sido perturbados como se continuam a reproduzir com as mesmas deficiências.