Russian authorities are sending critics to psychiatric wards. Speaking out now seems evidence of madness.
Soviet doctors once joked that the best way to get thrown into a psychiatric hospital was to send a telegram to Leonid Bezhnev that was critical of the Russian leader. Now that old gallows humor might have to be resurrected. Doctors and Kremlin critics say over the past year at least 10 journalists, political activists or critics of local authorities have been wrongfully hospitalized in mental hospitals. And though forcible psychiatric treatment for political reasons is still rare, ... Russia's mental hospitals are routinely used by unscrupulous relatives and criminals to remove inconvenient family members ... But increasingly, it is critics of authority who find themselves sent off to state hospitals.
...
For old dissidents like Vladimir Bukovsky, who was forcibly committed to a psychiatric clinic in the 1960s, these stories bring back chilling memories. "Once you are admitted to a mental hospital, he says, "any attempt you make to criticize the system or treatment will be evaluated as a sign or even proof of insanity." In modern Russia, it seems, as in the Soviet Union, you'd almost have to be mad to speak out.
MATTHEWS, Owen; NEMTSOVA, Anna. «Mental Breakdown», Newsweek, CL (10), Set. 3, 2007.
Everything you wanted to know about higher education but were too bus(laz)y to search the Web
Sunday, September 23, 2007
Saturday, September 22, 2007
VI. Doutor Doom
O Doutor Doom (Joseph von Doom) é um personagem de ficção, um supervilão. A revista Brucho considera-o o quarto maior vilão de todos os tempos. Um cientista brilhante, Doom foi colega da Fe, uma das Quatro Fantásticas. Viria, no entanto, a amargurar por causa dos seus ciúmes da Fe e pelas suas características faciais, resultado de uma experiência que correu mal.
Doom é o arqui-inimigo das Quatro Fantásticas, mas também tem sido incluído nas galerias dos malfeitores do Castigador, Surfista Prateado, Capitão América, Garota Esquilo, Homem de Ferro e Homem-Aranha, entre outros. Doom também enfrenta vilões como o Magnético e o Veneno. É o arquétipo dos vilões, um dos mais conhecidos da banda desenhada. Como governante de uma pequena nação, goza de imunidade diplomática, característica rara entre os personagens das revistas de quadradinhos. Pode ser visto nas lojas em embalagens triplas contendo Doom, o Joker e o Coiso.
Apesar de ser um supervilão, o Doutor Doom é considerado um herói na sua terra e no planeta onde vive, um planeta onde os heróis são tratados como traidores, por o terem abandonado, para voltarem a pôr os pés na terra, enquanto Doom prefere continuar a defender as suas quimeras.
Von Doom começou por estudar o oculto, desenvolvendo as suas capacidades científicas inatas. Devido aos rumores sobre a sua mente brilhante e à sua sofisticação técnica, a sua extraordinária reputação chegou ao conhecimento do director da Faculdade de Ciências da Universidade das Luminárias, para a qual lhe foi oferecida uma bolsa de estudos. Durante esse tempo, Doom conheceu a Fe e o Coiso. A Fe, em particular, viria a representar uma ameaça para a sua autoconvencida superioridade. Doom começou a fazer experiências extradimensionais perigosas.
A investigação de Doom centrou-se na construção de um aparelho de projecção transdimensional com o qual ele pudesse comunicar com os cientistas e criadores de empresas de tecnologias da informação, do seu tempo. Fe indicou-lhe um defeito que havia no projecto, mas o orgulho de Doom impediu-o de aceitar o conselho da Fe e reparar o aparelho antes de o testar. O equipamento funcionou na perfeição durante 2 minutos e 37 segundos. Durante esse tempo, Doom descobriu que os cientistas e empresários eram prisioneiros de Mefistófeles. O aparelho explodiu e danificou, temporariamente, a face de Doom que ficou com os dentes à mostra. Sabe-se, hoje, que isto foi obra de Mefistófeles e o defeito só se notava quando ele se ria, mas a incrível vaidade de Doom magnificava-o num desfiguramento horrível. Recusando-se a aceitar a sua própria responsabilidade, Doom culpou Fe pelo acidente, achando ser mais fácil acreditar que tinha sido Fe que, por ciúme, tinha sabotado o seu trabalho, do que admitir a sua própria incompetência.
Doom saiu da universidade, pouco depois, e viajou à procura de uma cura para a sua cara desfigurada, a qual via como um símbolo do seu fracasso. Eventualmente, Doom descobriu uma aldeia de sábios entre os quais viveu algum tempo. Tendo dominado as suas artes mágicas, conseguiu que os sábios o ajudassem a construir um fato blindado. Na sua pressa de vestir o fato e começar a sua nova vida como Doutor Doom, pôs a máscara acabada de fazer antes dela ter arrefecido completamente. Se a sua face não tinha ficado permanentemente desfigurada antes, ficou nessa altura. O fato tornou-se o seu símbolo e, graças aos seus avanços tecnológicos, pô-lo a par da maioria dos supervilões, em termos de poder pessoal. Regressado à sua terra, ajudou a derrubar a ministra anterior e coroou-se a si mesmo rei. Governando com pulso de ferro e uma vontade igualmente inabalável, Doom começou por dirigir os recursos da sua pequena nação para a concretização dos seus fins.
Doom foi brevemente destronado por Zorba, um príncipe de uma família real que Doom tinha ajudado a depor. Depois de meses no exílio, Doom consegiu convencer as Quatro Fantásticas a ajudá-lo a reconquistar o seu ministério, mostrando-lhes que sob a reinado do corrupto Zorba, a nação tinha caído na criminalidade e na pobreza. Quando Zorba soube que Doom tinha voltado, decidiu abandonar o seu próprio povo às suas forças robóticas, para evitar um golpe de estado de Doom. Pensando que o sucessor de Zorba era uma ameaça maior para o país, as Quatro Fantásticas concordaram, relutantemente, ajudar o seu inimigo. Em breve a ministra Cárite era eliminada e Doom regressou ao trono. Nesse processo Doom adoptou Elmo Bernardo e criou-o como seu herdeiro. Para além disso, como Doom considera o seu génio e liderança como um bem sem preço na Terra, usou Elmo num plano de segurança, para ser seguido na circunstância excepcional do seu afastamento prematuro. Os conhecimentos e memórias de Doom foram copiados para o cérebro de Elmo. Às vezes Elmo até chega a pensar que é Doom, mas apercebendo-se da realidade, submete-se às ordens de Doom. Elmo é meio irmão da Fe, odiada rival de Doom, ainda que nenhum dos três se aperceba deste facto.
Mais tarde, Doom dar-se-ia conta que não era necessário autolimitar-se, focando-se só nas tecnologias e usando só, ocasionalmente, os seus poderes mágicos inatos. Vendeu a alma da sua amada de infância a um trio de demónios em troca de poderes mágicos ilimitados e uma nova blindagem para a sua pele. Em resultado desta estória, Doom condenou-se ao Inferno.
Doom é o arqui-inimigo das Quatro Fantásticas, mas também tem sido incluído nas galerias dos malfeitores do Castigador, Surfista Prateado, Capitão América, Garota Esquilo, Homem de Ferro e Homem-Aranha, entre outros. Doom também enfrenta vilões como o Magnético e o Veneno. É o arquétipo dos vilões, um dos mais conhecidos da banda desenhada. Como governante de uma pequena nação, goza de imunidade diplomática, característica rara entre os personagens das revistas de quadradinhos. Pode ser visto nas lojas em embalagens triplas contendo Doom, o Joker e o Coiso.
Apesar de ser um supervilão, o Doutor Doom é considerado um herói na sua terra e no planeta onde vive, um planeta onde os heróis são tratados como traidores, por o terem abandonado, para voltarem a pôr os pés na terra, enquanto Doom prefere continuar a defender as suas quimeras.
Von Doom começou por estudar o oculto, desenvolvendo as suas capacidades científicas inatas. Devido aos rumores sobre a sua mente brilhante e à sua sofisticação técnica, a sua extraordinária reputação chegou ao conhecimento do director da Faculdade de Ciências da Universidade das Luminárias, para a qual lhe foi oferecida uma bolsa de estudos. Durante esse tempo, Doom conheceu a Fe e o Coiso. A Fe, em particular, viria a representar uma ameaça para a sua autoconvencida superioridade. Doom começou a fazer experiências extradimensionais perigosas.
A investigação de Doom centrou-se na construção de um aparelho de projecção transdimensional com o qual ele pudesse comunicar com os cientistas e criadores de empresas de tecnologias da informação, do seu tempo. Fe indicou-lhe um defeito que havia no projecto, mas o orgulho de Doom impediu-o de aceitar o conselho da Fe e reparar o aparelho antes de o testar. O equipamento funcionou na perfeição durante 2 minutos e 37 segundos. Durante esse tempo, Doom descobriu que os cientistas e empresários eram prisioneiros de Mefistófeles. O aparelho explodiu e danificou, temporariamente, a face de Doom que ficou com os dentes à mostra. Sabe-se, hoje, que isto foi obra de Mefistófeles e o defeito só se notava quando ele se ria, mas a incrível vaidade de Doom magnificava-o num desfiguramento horrível. Recusando-se a aceitar a sua própria responsabilidade, Doom culpou Fe pelo acidente, achando ser mais fácil acreditar que tinha sido Fe que, por ciúme, tinha sabotado o seu trabalho, do que admitir a sua própria incompetência.
Doom saiu da universidade, pouco depois, e viajou à procura de uma cura para a sua cara desfigurada, a qual via como um símbolo do seu fracasso. Eventualmente, Doom descobriu uma aldeia de sábios entre os quais viveu algum tempo. Tendo dominado as suas artes mágicas, conseguiu que os sábios o ajudassem a construir um fato blindado. Na sua pressa de vestir o fato e começar a sua nova vida como Doutor Doom, pôs a máscara acabada de fazer antes dela ter arrefecido completamente. Se a sua face não tinha ficado permanentemente desfigurada antes, ficou nessa altura. O fato tornou-se o seu símbolo e, graças aos seus avanços tecnológicos, pô-lo a par da maioria dos supervilões, em termos de poder pessoal. Regressado à sua terra, ajudou a derrubar a ministra anterior e coroou-se a si mesmo rei. Governando com pulso de ferro e uma vontade igualmente inabalável, Doom começou por dirigir os recursos da sua pequena nação para a concretização dos seus fins.
Doom foi brevemente destronado por Zorba, um príncipe de uma família real que Doom tinha ajudado a depor. Depois de meses no exílio, Doom consegiu convencer as Quatro Fantásticas a ajudá-lo a reconquistar o seu ministério, mostrando-lhes que sob a reinado do corrupto Zorba, a nação tinha caído na criminalidade e na pobreza. Quando Zorba soube que Doom tinha voltado, decidiu abandonar o seu próprio povo às suas forças robóticas, para evitar um golpe de estado de Doom. Pensando que o sucessor de Zorba era uma ameaça maior para o país, as Quatro Fantásticas concordaram, relutantemente, ajudar o seu inimigo. Em breve a ministra Cárite era eliminada e Doom regressou ao trono. Nesse processo Doom adoptou Elmo Bernardo e criou-o como seu herdeiro. Para além disso, como Doom considera o seu génio e liderança como um bem sem preço na Terra, usou Elmo num plano de segurança, para ser seguido na circunstância excepcional do seu afastamento prematuro. Os conhecimentos e memórias de Doom foram copiados para o cérebro de Elmo. Às vezes Elmo até chega a pensar que é Doom, mas apercebendo-se da realidade, submete-se às ordens de Doom. Elmo é meio irmão da Fe, odiada rival de Doom, ainda que nenhum dos três se aperceba deste facto.
Mais tarde, Doom dar-se-ia conta que não era necessário autolimitar-se, focando-se só nas tecnologias e usando só, ocasionalmente, os seus poderes mágicos inatos. Vendeu a alma da sua amada de infância a um trio de demónios em troca de poderes mágicos ilimitados e uma nova blindagem para a sua pele. Em resultado desta estória, Doom condenou-se ao Inferno.
Friday, September 21, 2007
Actualidades III.1. Resistências à Reforma Universitária
MILLER GUERRA- As Universidades Tradicionais e a Sociedade Moderna: Aviso Prévio Efectuado na Assembleia Nacional em 14 de Abril de 1970 Seguido do Respectivo Debate, Lisboa, Moraes, 1970.
Excertos:
O Sr. Miller Guerra: - …
As principais resistências à reforma universitária afiguram-se-me ser de duas ordens; uma de natureza intrínseca ou institucional, a outra de natureza extrínseca, social ou, melhor dizendo, sócio-política. Não quero dizer, de forma nenhuma que tudo se reduza a estas duas alíneas. Mas entendo que, tocando nelas, vou levantar uma série de questões, de problemas, de interrogações e de dúvidas que provavelmente nos dias seguintes aqui serão debatidos.
Começo pelas resistências intrínsecas ou institucionais. Fazendo uma análise, mesmo superficial, da organização do nosso ensino superior, desde a base até ao vértice, podemos vislumbrar uma pirâmide com uma base enormíssima, alargadíssima, constituída pelos estudantes, e um vértice, que naturalmente é um ponto, constituído pelo Ministro. …
Este conjunto constitui … as forças ou, melhor dizendo – não empregando por enquanto esta linguagem -, as camadas permanentes, fixas, imutáveis, inamovíveis, de toda a pirâmide. O ministro e os estudantes constituem as camadas móveis, transitórias, ou mesmo efémeras.
Por esta constituição e por esta análise se verifica rapidamente que, por mais reformadores que sejam os Ministros ou por mais reformadores, ou mais que isso, sejam os estudantes, há umas estruturas que permanecem, que ficam, que se conservam. … Estas são forças permanentes. As outras, as transitórias, realmente são pouco poderosas, mesmo quando estejam cheias de ardor e de razão.
Aqui temos nós, portanto, neste rápido esboço que fiz da organização, como é necessária uma reforma, não apenas de uma parte e que se limita a uma alteração ou modificação circunstancial, mas, realmente, uma reforma de estrutura, uma reforma institucional. …
Quanto às resistências externas, elas estão naturalmente interligadas, sobretudo no sistema universitário que nos rege, às resistências internas, visto que a Universidade, embora ande desligada da vida nacional, está ligada a ela por elos extrínsecos e quase furtivos.
Os catedráticos ocupam na vida política, na vida económica e nos centros directores da vida nacional posições de relevo, posições excepcionais, posições de comando. (p. 9 – 12)
Excertos:
O Sr. Miller Guerra: - …
As principais resistências à reforma universitária afiguram-se-me ser de duas ordens; uma de natureza intrínseca ou institucional, a outra de natureza extrínseca, social ou, melhor dizendo, sócio-política. Não quero dizer, de forma nenhuma que tudo se reduza a estas duas alíneas. Mas entendo que, tocando nelas, vou levantar uma série de questões, de problemas, de interrogações e de dúvidas que provavelmente nos dias seguintes aqui serão debatidos.
Começo pelas resistências intrínsecas ou institucionais. Fazendo uma análise, mesmo superficial, da organização do nosso ensino superior, desde a base até ao vértice, podemos vislumbrar uma pirâmide com uma base enormíssima, alargadíssima, constituída pelos estudantes, e um vértice, que naturalmente é um ponto, constituído pelo Ministro. …
Este conjunto constitui … as forças ou, melhor dizendo – não empregando por enquanto esta linguagem -, as camadas permanentes, fixas, imutáveis, inamovíveis, de toda a pirâmide. O ministro e os estudantes constituem as camadas móveis, transitórias, ou mesmo efémeras.
Por esta constituição e por esta análise se verifica rapidamente que, por mais reformadores que sejam os Ministros ou por mais reformadores, ou mais que isso, sejam os estudantes, há umas estruturas que permanecem, que ficam, que se conservam. … Estas são forças permanentes. As outras, as transitórias, realmente são pouco poderosas, mesmo quando estejam cheias de ardor e de razão.
Aqui temos nós, portanto, neste rápido esboço que fiz da organização, como é necessária uma reforma, não apenas de uma parte e que se limita a uma alteração ou modificação circunstancial, mas, realmente, uma reforma de estrutura, uma reforma institucional. …
Quanto às resistências externas, elas estão naturalmente interligadas, sobretudo no sistema universitário que nos rege, às resistências internas, visto que a Universidade, embora ande desligada da vida nacional, está ligada a ela por elos extrínsecos e quase furtivos.
Os catedráticos ocupam na vida política, na vida económica e nos centros directores da vida nacional posições de relevo, posições excepcionais, posições de comando. (p. 9 – 12)
Thursday, September 20, 2007
Actualidades III.2. Linhas Gerais de Um Projecto de Reforma
Em primeiro lugar, parece-me que não há nenhuma espécie de reforma duradoura enquanto não se proceder à reorganização do Ministério da Educação Nacional. Um Ministério que foi criado para uma sociedade do século XIX, mesmo quando esta sociedade não tinha tido um ritmo rápido de evolução, mesmo com o ritmo lento que temos tido, está evidentemente desactualizado. Este é um dos primeiros obstáculos a vencer, se se quer fazer uma reforma importante e honrada. Não me compete a mim delinear nem dizer quais as linhas principais dessa organização. No entanto, permito-me sugerir que uma organização do tipo moderno, com órgãos de estudo e de gestão dependentes do Ministério, pertencendo a ele, é fundamental. Não se podem fazer reformas modernas com organizações administrativas anacrónicas. Mais: de pouco vale dizer que vamos fazer uma reforma administrativa se não houver uma reforma política que a oriente e apoie. É excelente haver reformas administrativas, é mesmo óptimo. Mas elas são ineficazes ou de pequeno alcance, se não tiverem uma orientação política firme, decidida e progressiva. (p. 15 – 16)
Wednesday, September 19, 2007
Actualidades III.3. As Universidades Não Se Auto-Reformam
… desejava fazer alguns breves comentários a uma fórmula que não posso dizer que é da minha autoria, porque nada daquilo que eu digo é da minha autoria. Quando digo «eu», subentende-se «nós», quer dizer, um grupo de pessoas que deseja que as reformas universitárias se façam segundo um determinado espírito.
Eu sou apenas aqui, neste momento, o ressoador, o verbalizador dos anseios e esperanças de um vastíssimo grupo que não tem acesso a esta tribuna e muitas vezes nem acesso sequer aos órgãos de informação. Eu disse e volto a afirmar, «nós dissemos», que as Universidades não se auto-reformam.
Esta fórmula, que me parece evidente e que nem sequer fui eu que a inventei, apenas me cabendo alguma responsabilidade na sua vulgarização entre nós, tem sido combatida com um argumento que me parece sofístico e que eu vou apresentar. … Quando digo que as Universidades não se auto-reformam, quero significar que as Universidades não tomam a iniciativa da reforma nem a acompanham até às últimas consequências. E quando chamo reforma … digo transformação da vida universitária, e não apenas mudança de cadeiras ou de horários.
Nem na história, nem no presente, as Universidades do estilo coimbrão-napoleónico-latino, que são as nossas, jamais se auto-reformaram. É isto que quero dizer quando falo na impossibilidade de as Universidades se auto-reformarem. Não quero dizer, e seria uma tolice afirmá-lo que elas são insusceptíveis de progredir, são susceptíveis de se actualizar, se uma força externa as impulsionar e se contarem no seu seio com núcleos de pessoas ou indivíduos isolados … que sejam capazes de tomar nas suas mãos a condução de uma reforma verdadeira. (p. 16 – 18).
Eu sou apenas aqui, neste momento, o ressoador, o verbalizador dos anseios e esperanças de um vastíssimo grupo que não tem acesso a esta tribuna e muitas vezes nem acesso sequer aos órgãos de informação. Eu disse e volto a afirmar, «nós dissemos», que as Universidades não se auto-reformam.
Esta fórmula, que me parece evidente e que nem sequer fui eu que a inventei, apenas me cabendo alguma responsabilidade na sua vulgarização entre nós, tem sido combatida com um argumento que me parece sofístico e que eu vou apresentar. … Quando digo que as Universidades não se auto-reformam, quero significar que as Universidades não tomam a iniciativa da reforma nem a acompanham até às últimas consequências. E quando chamo reforma … digo transformação da vida universitária, e não apenas mudança de cadeiras ou de horários.
Nem na história, nem no presente, as Universidades do estilo coimbrão-napoleónico-latino, que são as nossas, jamais se auto-reformaram. É isto que quero dizer quando falo na impossibilidade de as Universidades se auto-reformarem. Não quero dizer, e seria uma tolice afirmá-lo que elas são insusceptíveis de progredir, são susceptíveis de se actualizar, se uma força externa as impulsionar e se contarem no seu seio com núcleos de pessoas ou indivíduos isolados … que sejam capazes de tomar nas suas mãos a condução de uma reforma verdadeira. (p. 16 – 18).
Tuesday, September 18, 2007
Actualidades III.4. Fundação de Novas Universidades
… Eu sustento que não é possível empreender a reforma das Universidades existentes se não se fundarem novas Universidades.
… A reforma das Universidades existentes é necessária e é possível, … se não houver Universidades de outro estilo, Universidades de outro tipo institucional, Universidades com espírito diferente, a reforma universitária fica parada a breve trecho. … O que são, pois, as novas Universidades? Como devem ser constituídas? Onde devem ser colocadas?
Primeiro ponto: as Universidades serão, não do tipo tradicional, que é o nosso, o da Espanha, o da França e dos países latinos, europeus e latino-amricanos, de uma maneira geral. Estes são tipos irreformáveis, ou antes, auto-irreformáveis. São necessariamente Universidades de tipo diferente, Universidades do tipo anglo-saxónico. São estas Universidades que têm mostrado nos tempos modernos possuírem uma capacidade de adaptação ao muno e à vida, uma flexibilidade de tal que podem continuar a desempenhar o seu papel actual e tradicional, sem alterarem fundamentalmente as suas características básicas. …
… Estas Universidades deverão ser consagradas às ciências que não estão cultivadas nas nossas Universidades, isto é, àquelas ciências que já deviam ter entrado dentro dos currículos universitários há muitos anos, o que, devido ás resistências das próprias instituições, não tem sido possível. …
Por outro lado, há um ponto muitíssimo importante, que é a ligação das Universidades com os centros científicos estrangeiros. Aqui não pode haver provincianismos. Na cultura não pode haver provincianismos, temos de estar abertos ao Mundo …
Não tenhamos medo de perder a nossa independência cultural, não tenhamos medo de nos abastardarmos, pensando por figurinos estrangeiros. … O génio próprio português … consiste na tradução, transformação e aplicação de todos esses conhecimentos à realidade portuguesa, para que ela por fim dê o arranque e comecemos a ser uma sociedade verdadeiramente moderna e europeia. (p. 18 – 21).
… A reforma das Universidades existentes é necessária e é possível, … se não houver Universidades de outro estilo, Universidades de outro tipo institucional, Universidades com espírito diferente, a reforma universitária fica parada a breve trecho. … O que são, pois, as novas Universidades? Como devem ser constituídas? Onde devem ser colocadas?
Primeiro ponto: as Universidades serão, não do tipo tradicional, que é o nosso, o da Espanha, o da França e dos países latinos, europeus e latino-amricanos, de uma maneira geral. Estes são tipos irreformáveis, ou antes, auto-irreformáveis. São necessariamente Universidades de tipo diferente, Universidades do tipo anglo-saxónico. São estas Universidades que têm mostrado nos tempos modernos possuírem uma capacidade de adaptação ao muno e à vida, uma flexibilidade de tal que podem continuar a desempenhar o seu papel actual e tradicional, sem alterarem fundamentalmente as suas características básicas. …
… Estas Universidades deverão ser consagradas às ciências que não estão cultivadas nas nossas Universidades, isto é, àquelas ciências que já deviam ter entrado dentro dos currículos universitários há muitos anos, o que, devido ás resistências das próprias instituições, não tem sido possível. …
Por outro lado, há um ponto muitíssimo importante, que é a ligação das Universidades com os centros científicos estrangeiros. Aqui não pode haver provincianismos. Na cultura não pode haver provincianismos, temos de estar abertos ao Mundo …
Não tenhamos medo de perder a nossa independência cultural, não tenhamos medo de nos abastardarmos, pensando por figurinos estrangeiros. … O génio próprio português … consiste na tradução, transformação e aplicação de todos esses conhecimentos à realidade portuguesa, para que ela por fim dê o arranque e comecemos a ser uma sociedade verdadeiramente moderna e europeia. (p. 18 – 21).
Monday, September 17, 2007
Actualidades III.5. Educação Pós-Graduada
… Os cursos universitários tradicionais, aqueles que conhecemos e que muitos de nós recebemos, são apenas hoje a introdução à prática da vida, melhor dizendo, a introdução a uma profissão científica. Hoje qualquer profissão, mas muito particularmente as profissões científicas, exigem dos seus cultores uma actualização permanente. …
… os cursos de pós-graduação são outra coisa: são cursos regulares, tão regulares como os cursos de licenciatura … (p. 23).
… os cursos de pós-graduação são outra coisa: são cursos regulares, tão regulares como os cursos de licenciatura … (p. 23).
Sunday, September 16, 2007
Actualidades III.6. Citação
… É de uma carta do infante D. Pedro a seu irmão D. Duarte, escrita de Bruges, por consequência, no centro da Europa. Diz assim:
«A Universidade de nossa terra devia ser emendada, segundo ouvi dizer a outro que nisto mais entendia que eu». (p. 28).
«A Universidade de nossa terra devia ser emendada, segundo ouvi dizer a outro que nisto mais entendia que eu». (p. 28).
Saturday, September 15, 2007
Actualidades III.7. Veiga Simão
O Sr. Giesteira de Almeida: - …
… Cito o Sr. Prof. Veiga Simão, que nos dizia que «a Universidade é, por excelência, como nenhuma outra instituição educacional, causa e consequência da evolução da sociedade. Deste modo, se as suas estruturas não possuírem um grau elevado de maleabilidade, e antes se mantiverem artificialmente inalteradas por longos períodos de tempo, gera-se necessariamente um espírito nocivo à criação e à iniciativa generosa. Os desajustamentos graves que possam existir entre a Universidade e a sociedade traduzem-se da forma mais diversa, e com natural inconformismo de estudantes e professores, em críticas amargas pró e contra a Universidade». (p. 30).
… Cito o Sr. Prof. Veiga Simão, que nos dizia que «a Universidade é, por excelência, como nenhuma outra instituição educacional, causa e consequência da evolução da sociedade. Deste modo, se as suas estruturas não possuírem um grau elevado de maleabilidade, e antes se mantiverem artificialmente inalteradas por longos períodos de tempo, gera-se necessariamente um espírito nocivo à criação e à iniciativa generosa. Os desajustamentos graves que possam existir entre a Universidade e a sociedade traduzem-se da forma mais diversa, e com natural inconformismo de estudantes e professores, em críticas amargas pró e contra a Universidade». (p. 30).
Friday, September 14, 2007
Actualidades III.8. Equívocos
O Sr. Pinto Machado: - …
1) Como organismo unitário, constituído por partes interdependentes e reciprocamente influenciadas, a Universidade não existe … , pois aquilo que assim se chama não passa de um aglomerado de faculdades ou escolas e institutos superiores auto-suficientes, por sua vez constituídos por um aglomerado de cátedras independentes. Entre nós, a instituição a que chamamos «Universidade» apenas existe do ponto de vista administrativo. É, portanto, uma convenção, um artifício – um mito.
2) Como situação de facto, os docentes (com excepção dos catedráticos) estão sujeitos a exigência dicotómica: para serem contratados e mantidos nos seus cargos ao abrigo da acusação de abandono do serviço, pede-se-lhes apenas que ensinem – ou mais precisamente, que dêem aulas -, mas para ascenderem na carreira universitária só conta – ou quase só conta – a investigação que tenham realizado, sendo aliás díspar e muitas vezes discutível o critério de valorização desta. As consequências pedagógicas nocivas desta dicotomia trágica são evidentes e sofrem agravamento pelo facto de, por condicionalismos vários – ausência de exercício em tempo integral, necessidade de, por falta de infra-estruturas materiais e sobretudo humanas, o investigador ter de exercer funções de servente, técnico, bibliotecário, arquivista, dactilógrafo, etc. -, o docente que queira fazer investigação séria tem de descurar, por falta de tempo, a sua preparação pedagógica e a assistência que, para além das aulas, os seus alunos têm o direito de esperar dele.
3) …
b) É acentuado e crescente o desfasamento entre os tipos profissionais que a Universidade fornece ao País e os homens de mentalidade universitária de que o País urgentemente carece em ordem ao seu desenvolvimento económico, social, cultural, moral e político.
4) … O nosso ensino superior não se distingue, pois, do nosso ensino liceal por ser de natureza diferente, mas só pelo volume e complexidade das informações ministradas. O método de ensino (?) é o mesmo – repetitivo -, a demonstração de aproveitamento, a mesma – recitativa – e o resultado, igual – atrofia da razão crítica, metamorfose do cérebro em ficheiro … desarrumado, e nem sempre actualizado. Como a Universidade orgânica, o nosso ensino superior é um mito. (p. 37 – 39).
1) Como organismo unitário, constituído por partes interdependentes e reciprocamente influenciadas, a Universidade não existe … , pois aquilo que assim se chama não passa de um aglomerado de faculdades ou escolas e institutos superiores auto-suficientes, por sua vez constituídos por um aglomerado de cátedras independentes. Entre nós, a instituição a que chamamos «Universidade» apenas existe do ponto de vista administrativo. É, portanto, uma convenção, um artifício – um mito.
2) Como situação de facto, os docentes (com excepção dos catedráticos) estão sujeitos a exigência dicotómica: para serem contratados e mantidos nos seus cargos ao abrigo da acusação de abandono do serviço, pede-se-lhes apenas que ensinem – ou mais precisamente, que dêem aulas -, mas para ascenderem na carreira universitária só conta – ou quase só conta – a investigação que tenham realizado, sendo aliás díspar e muitas vezes discutível o critério de valorização desta. As consequências pedagógicas nocivas desta dicotomia trágica são evidentes e sofrem agravamento pelo facto de, por condicionalismos vários – ausência de exercício em tempo integral, necessidade de, por falta de infra-estruturas materiais e sobretudo humanas, o investigador ter de exercer funções de servente, técnico, bibliotecário, arquivista, dactilógrafo, etc. -, o docente que queira fazer investigação séria tem de descurar, por falta de tempo, a sua preparação pedagógica e a assistência que, para além das aulas, os seus alunos têm o direito de esperar dele.
3) …
b) É acentuado e crescente o desfasamento entre os tipos profissionais que a Universidade fornece ao País e os homens de mentalidade universitária de que o País urgentemente carece em ordem ao seu desenvolvimento económico, social, cultural, moral e político.
4) … O nosso ensino superior não se distingue, pois, do nosso ensino liceal por ser de natureza diferente, mas só pelo volume e complexidade das informações ministradas. O método de ensino (?) é o mesmo – repetitivo -, a demonstração de aproveitamento, a mesma – recitativa – e o resultado, igual – atrofia da razão crítica, metamorfose do cérebro em ficheiro … desarrumado, e nem sempre actualizado. Como a Universidade orgânica, o nosso ensino superior é um mito. (p. 37 – 39).
Thursday, September 13, 2007
Actualidades III.9. Missão da Universidade
A missão da Universidade é … o desenvolvimento do conhecimento científico …
… a Universidade não existe por causa dos professores, nem por causa dos alunos, nem por causa dos investigadores, nem por causa da sociedade: por isso, nem os professores, nem os alunos, nem os investigadores, nem a sociedade têm o direito de dominar a Universidade como se fora pertença sua. Todos, cada um a seu modo, apenas devem possibilitar o exercício da sua missão. E porque a missão é una, é com a colaboração de todos que ela deverá ser realizada. Aqui radica a essencial autonomia da Universidade e a sua essencial supranacionalidade. (p. 40 – 41).
… a Universidade não existe por causa dos professores, nem por causa dos alunos, nem por causa dos investigadores, nem por causa da sociedade: por isso, nem os professores, nem os alunos, nem os investigadores, nem a sociedade têm o direito de dominar a Universidade como se fora pertença sua. Todos, cada um a seu modo, apenas devem possibilitar o exercício da sua missão. E porque a missão é una, é com a colaboração de todos que ela deverá ser realizada. Aqui radica a essencial autonomia da Universidade e a sua essencial supranacionalidade. (p. 40 – 41).
Wednesday, September 12, 2007
Actualidades III.10. Formação Básica e Permanente
… a Universidade procura que os seus alunos, antes de desenvolverem uma preparação especializada, adquiram uma sólida formação básica polivalente, mas unificada, pela qual se estruturará a mentalidade científica que frutificará na especialização ulterior.
O ritmo espantoso do progresso científico torna rapidamente desactualizados, e portanto inúteis, os conhecimentos hoje adquiridos, e as inovações sociais ascendentes criam necessidades novas para cuja satisfação se exige uma formação científica mais ampla e mais profunda. Assim, os que saem da Universidade para exercerem uma função diferenciada na sociedade hão-de lá voltar periodicamente, para se actualizarem, para aprofundarem os seus conhecimentos, para contactarem com domínios da ciência que não haviam cultivado na pré-graduação. (p. 43).
…
As características institucionais e a mentalidade da Universidade moderna, da Universidade nova, são, então, as de autonomia, participação, pluridisciplinaridade e interdisciplinaridade, conexão íntima de investigação e ensino, educação permanente, formação do espírito científico e formação integral, abertura para os grandes problemas da região, da Nação e do Mundo. (p. 44).
O ritmo espantoso do progresso científico torna rapidamente desactualizados, e portanto inúteis, os conhecimentos hoje adquiridos, e as inovações sociais ascendentes criam necessidades novas para cuja satisfação se exige uma formação científica mais ampla e mais profunda. Assim, os que saem da Universidade para exercerem uma função diferenciada na sociedade hão-de lá voltar periodicamente, para se actualizarem, para aprofundarem os seus conhecimentos, para contactarem com domínios da ciência que não haviam cultivado na pré-graduação. (p. 43).
…
As características institucionais e a mentalidade da Universidade moderna, da Universidade nova, são, então, as de autonomia, participação, pluridisciplinaridade e interdisciplinaridade, conexão íntima de investigação e ensino, educação permanente, formação do espírito científico e formação integral, abertura para os grandes problemas da região, da Nação e do Mundo. (p. 44).
Tuesday, September 11, 2007
Actualidades III.11. Autonomia Universitária
O Sr. Ávila de Azevedo: - …
… Nos caminhos que temos de trilhar para a reestruturação da Universidade afigura-se-nos indispensável que se volte ao perdido conceito de autonomia, tão característico da instituição medieval. Pouco a pouco, a Universidade portuguesa foi despojada de todos os seus privilégios e garantias da sua independência científica e da sua gestão financeira. Porém, o último grande golpe vibrado contra ela pertence à história do constitucionalismo. Até então, ainda a Universidade dispunha de bens próprios, que haviam sido tão avultados que, no tempo de D. João III, era considerada como uma das mais ricas da Europa … A incorporação de todos os seus réditos no Orçamento Geral do estado tornou-a inteiramente dependente do Governo Central do Ministério do Reino, depois Ministério da Instrução Pública. A Universidade desapareceu como força criadora e autónoma.
A nossa tradição universitária apresenta-nos um exemplo de autonomia que importa ser restabelecido, ainda que em obediência aos regimes jurídicos e administrativos do nosso tempo. Às novas Universidade competirá gerir não somente os créditos que lhes sejam concedidos pelo estado, mas ainda os provenientes de outras fontes, como fundações, empresas privadas, ou mesmo os dons de beneméritos. (p. 99 – 100).
… Nos caminhos que temos de trilhar para a reestruturação da Universidade afigura-se-nos indispensável que se volte ao perdido conceito de autonomia, tão característico da instituição medieval. Pouco a pouco, a Universidade portuguesa foi despojada de todos os seus privilégios e garantias da sua independência científica e da sua gestão financeira. Porém, o último grande golpe vibrado contra ela pertence à história do constitucionalismo. Até então, ainda a Universidade dispunha de bens próprios, que haviam sido tão avultados que, no tempo de D. João III, era considerada como uma das mais ricas da Europa … A incorporação de todos os seus réditos no Orçamento Geral do estado tornou-a inteiramente dependente do Governo Central do Ministério do Reino, depois Ministério da Instrução Pública. A Universidade desapareceu como força criadora e autónoma.
A nossa tradição universitária apresenta-nos um exemplo de autonomia que importa ser restabelecido, ainda que em obediência aos regimes jurídicos e administrativos do nosso tempo. Às novas Universidade competirá gerir não somente os créditos que lhes sejam concedidos pelo estado, mas ainda os provenientes de outras fontes, como fundações, empresas privadas, ou mesmo os dons de beneméritos. (p. 99 – 100).
Monday, September 10, 2007
Actualidades III.12. Estágio de Fim de Curso
«… Dos 266 alunos estagiários que no período 1960-1968 entregaram o relatório final foi possível conhecer o paradeiro de 216 e saber qual o assunto em que profissionalmente depois do estágio passaram a trabalhar.»
Assim, desses 216 técnicos […], 122 […] continuam a trabalhar no assunto, ou pelo menos no mesmo sector em que estagiaram, tendo os restantes 94 […] mudado completamente de assunto ao passarem a trabalhar profissionalmente. Isto é, dos 216 técnicos cuja situação profissional foi possível conhecer apenas 56 por cento se encontram a trabalhar em assuntos ligados às matérias em que estagiaram, encontrando-se os outros 44 por cento a trabalhar em assuntos totalmente diferentes.
… «o facto de praticamente 50 por cento dos estagiários mudarem completamente o tema de trabalho ao passarem do estágio à actividade profissional faz perder as vantagens de uma especialização que inevitavelmente se verificou, quando depois de um curso de carácter geral que durou cinco anos (constituídos todos eles por uma grande heterogeneidade de matérias), o estagiário trabalhou em média dois anos e meio num assunto bem localizado e no qual elaborou o relatório final». (p. 117 – 118).
Assim, desses 216 técnicos […], 122 […] continuam a trabalhar no assunto, ou pelo menos no mesmo sector em que estagiaram, tendo os restantes 94 […] mudado completamente de assunto ao passarem a trabalhar profissionalmente. Isto é, dos 216 técnicos cuja situação profissional foi possível conhecer apenas 56 por cento se encontram a trabalhar em assuntos ligados às matérias em que estagiaram, encontrando-se os outros 44 por cento a trabalhar em assuntos totalmente diferentes.
… «o facto de praticamente 50 por cento dos estagiários mudarem completamente o tema de trabalho ao passarem do estágio à actividade profissional faz perder as vantagens de uma especialização que inevitavelmente se verificou, quando depois de um curso de carácter geral que durou cinco anos (constituídos todos eles por uma grande heterogeneidade de matérias), o estagiário trabalhou em média dois anos e meio num assunto bem localizado e no qual elaborou o relatório final». (p. 117 – 118).
Sunday, September 09, 2007
Actualidades III.13. Meios de Trabalho
Problema de índole diferente, mas de importância não menor, que aguarda solução, é o da preparação e dos meios de trabalho. Nem o ensino, nem a investigação […] lograram ainda os recursos, as dotações em pessoal e material, a própria estruturação por vezes, que possam equiparar-se à grandeza e variedade das tarefas e sirvam de primeira garantia para o exemplar cumprimento do dever profissional.
Problema que não é apenas dos quadros docentes ou do superior de investigação – onde quer que exista … -, é-o também do pessoal técnico auxiliar e do próprio quadro administrativo.
…
A respeito de meios de trabalho, no ensino, como na investigação, já se tem afirmado que «a pobreza tradicional» (em sociedades também tradicionais) «é mau argumento relativo quando se trate de dotar o que é mais urgente». Ocorre a feliz réplica de certo cientista francês quando lhe regateavam verbas para a investigação científica, «por estar pobre a França»: «Exactamente porque está pobre é que precisa de gastar mais com a investigação», respondeu. A isto chama-se ter a visão larga e possuir o real sentido das responsabilidades frente ao futuro. … (p. 122 – 123).
Problema que não é apenas dos quadros docentes ou do superior de investigação – onde quer que exista … -, é-o também do pessoal técnico auxiliar e do próprio quadro administrativo.
…
A respeito de meios de trabalho, no ensino, como na investigação, já se tem afirmado que «a pobreza tradicional» (em sociedades também tradicionais) «é mau argumento relativo quando se trate de dotar o que é mais urgente». Ocorre a feliz réplica de certo cientista francês quando lhe regateavam verbas para a investigação científica, «por estar pobre a França»: «Exactamente porque está pobre é que precisa de gastar mais com a investigação», respondeu. A isto chama-se ter a visão larga e possuir o real sentido das responsabilidades frente ao futuro. … (p. 122 – 123).
Saturday, September 08, 2007
Actualidades III.14. A Revolução Inexistente
Raymond Aron, Lisboa, 1968, p. 87.
Por razões talvez mais profundas que as expostas por Durkheim, [as Universidades] tendem a fechar-se sobre si mesmas, a satisfazer-se com uma organização tradicional fundada em valores que continuam a reconhecer a justo título. Conversei recentemente com um dos maiores reformadores das Universidades americanas, um antigo presidente da Universidade da Califórnia. Ele contribuiu prodigiosamente para a expansão dessa Universidade, que se transformou numa Universidade de massa que conheceu uma revolta dos estudantes-ratos, sofrendo de sobrepopulação. Sempre que criava um novo campus, disse-me ele, com modalidades originais de organização, repartição das matérias, verifiquei que, ao fim de um pequeno número de anos, e uma vez a instituição estabilizada, resistia às reformas com a mesma energia das antigas.
Por razões talvez mais profundas que as expostas por Durkheim, [as Universidades] tendem a fechar-se sobre si mesmas, a satisfazer-se com uma organização tradicional fundada em valores que continuam a reconhecer a justo título. Conversei recentemente com um dos maiores reformadores das Universidades americanas, um antigo presidente da Universidade da Califórnia. Ele contribuiu prodigiosamente para a expansão dessa Universidade, que se transformou numa Universidade de massa que conheceu uma revolta dos estudantes-ratos, sofrendo de sobrepopulação. Sempre que criava um novo campus, disse-me ele, com modalidades originais de organização, repartição das matérias, verifiquei que, ao fim de um pequeno número de anos, e uma vez a instituição estabilizada, resistia às reformas com a mesma energia das antigas.
Friday, September 07, 2007
Actualidades III.15. O Ataque Pessoal
O Sr. Casal-Ribeiro: - …
… num Instituto vizinho desta Assembleia (aqui expressamente mencionado pelo ilustre Deputado avisante) existe, como membro do seu conselho director, um primeiro-assistente – elemento activíssimo da nossa oposição mais radical – que se serve da cátedra como um meio de transmitir aos seus alunos o vírus da subversão!
Parece, pois, evidente que, para além de reivindicações indiscutíveis e de inegável actualidade, há, à mistura, subversão e criminosa doutrinação política que visa o enfraquecimento da frente interna de um país em guerra – guerra que do exterior lhe foi imposta.
Pois, satisfaça-se a juventude. Dê-se-lhe aquilo a que têm direito. Mas castigue-se implacavelmente os que traem e misturam a Universidade com actividades terroristas e, portanto, antinacionais.
Castiguem-se sobretudo aqueles, alunos ou mestres, ou simples agitadores, que deturpam o verdadeiro sentido e orientação para os quais deve, de facto, caminhar a juventude, a quem nada se deve negar, mas levando-a a manter dentro do seu peito, quase sempre generoso, a portugalidade indispensável à continuidade da Pátria. (p. 270 – 271).
… num Instituto vizinho desta Assembleia (aqui expressamente mencionado pelo ilustre Deputado avisante) existe, como membro do seu conselho director, um primeiro-assistente – elemento activíssimo da nossa oposição mais radical – que se serve da cátedra como um meio de transmitir aos seus alunos o vírus da subversão!
Parece, pois, evidente que, para além de reivindicações indiscutíveis e de inegável actualidade, há, à mistura, subversão e criminosa doutrinação política que visa o enfraquecimento da frente interna de um país em guerra – guerra que do exterior lhe foi imposta.
Pois, satisfaça-se a juventude. Dê-se-lhe aquilo a que têm direito. Mas castigue-se implacavelmente os que traem e misturam a Universidade com actividades terroristas e, portanto, antinacionais.
Castiguem-se sobretudo aqueles, alunos ou mestres, ou simples agitadores, que deturpam o verdadeiro sentido e orientação para os quais deve, de facto, caminhar a juventude, a quem nada se deve negar, mas levando-a a manter dentro do seu peito, quase sempre generoso, a portugalidade indispensável à continuidade da Pátria. (p. 270 – 271).
Thursday, September 06, 2007
Actualidades III.16. A Defesa
O Sr. Correia da Cunha: - Sr. Presidente: Não usei da palavra no período da ordem do dia destinado à apreciação do aviso prévio sobre a Universidade porque entendi calar o que porventura fosse levado a afirmar sobre a situação e funcionamento do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras.
Fi-lo para não correr o risco de prejudicar, por pouco que fosse, o esforço quase heróico de recuperação que nessa altura estava a ser tentado sob a forma de uma experiência que se admitia construir um passo decisivo para a reestruturação da nossa Universidade.
Entenderam-no de forma diversa os ilustres professores que constituem o conselho escolar.
Com enorme sacrifício dos seus muitos afazeres, voltaram alguns à sua escola, não para dar aulas, como seria desejável, mas para ordenar o seu encerramento. Fizeram-no à boa maneira antiga, furtivamente e com o recurso à força pública; e dando a todo o País um péssimo exemplo de indisciplina, pois que com essa medida contrariaram frontalmente a política de conciliação e renovação a que o Governo se estava votando. Cônscios da sua força, que não da razão que lhes assistia, um reduzido número de detentores de cátedras, a que me repugna chamar professores, resolveu ajudar o País no transe que atravessa, eliminando de uma assentada todo o esforço de um ano de laboriosas negociações, em que os estudantes deram sobejas provas de maturidade e de espírito de compreensão pelas limitações que se lhes deparavam.
O Sr. Agostinho Cardoso: - Muito bem!
O Orador: - Esta medida discricionária não pode apontar outra justificação que não seja o desejo declarado de uns tantos professores imporem as suas opiniões e a sua lei. Foram-lhe totalmente alheios o Ministro, o reitor e a direcção da escola, constituída por um director e cinco subdirectores recentemente eleitos.
Com ela só se pode pretender anular todas as aquisições da experiência em curso, lançando a confusão nos espíritos e suscitando reacções. O corpo docente do Instituto encontra o seu suporte em oitenta e quatro assistentes, dado que raros são os catedráticos e professores extraordinários que leccionam com regularidade. Chamados pelo Governo e as empresas privadas a lugares de responsabilidade na administração, não lhes sobra tempo, como é óbvio, para um ensino eficaz. Daí a degradação constante que este tem sofrido e a situação de rotura a que a estrutura do Instituto foi conduzida.
A questão agora levantada e a situação de facto que se gerou são tão graves que transcendem a simples réplica às insinuações dirigidas nesta Câmara a um homem digno, que, nem por ser meu adversário político, deixo de considerar. Como professor, Francisco Pereira de Moura não seguiu o exemplo de colegas igualmente brilhantes, dedicando toda a sua vida e energia ao ensino. Enfim, por alguma razão permanece na categoria de primeiro-assistente.
O Sr. Casal-Ribeiro: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Não. Desculpe V. Ex.ª, mas não dou.
O Sr. Casal-Ribeiro: - Isto é o que se chama um espírito liberal!
O Sr. Presidente: - O orador é livre de conceder ou não autorização para que o interrompam.
O Sr. Casal-Ribeiro: - Com certeza, Sr. Presidente. Mas, em todo o caso, não posso deixar de notar a liberalidade do Sr. Deputado Correia da Cunha.
O Sr. Presidente: - V. Ex.ª poderá depois usar da palavra, inscrevendo-se devidamente para esse efeito.
O Orador: - Ele tem sido, neste desabrochar de conflitos e paixões, não o elemento subversivo que aqui foi referido, mas leal colaborador da hierarquia universitária e o fiel intérprete da enorme massa de estudantes que nele confia.
Chocante, pois, o contraste com a atitude adoptada por alguns dos senhores catedráticos. E porque alguém tem de assumir a responsabilidade de todos os prejuízos materiais e morais decorrentes de semelhante arbitrariedade, eu apelo veementemente para os Srs. Presidente do Conselho e Ministro da Educação nacional no sentido de ser considerado o imediato afastamento de todos os professores que, real ou virtualmente, ocupam cargos docentes e directamente participam na resolução. Uma medida que vai impedir a formatura de cento e cinquenta novos licenciados em Economia e repercutir da forma mais nociva em toda a Universidade portuguesa só pode ser taxada de traição e, como tal, passível da mais enérgica sanção. (p. 271 – 275).
Fi-lo para não correr o risco de prejudicar, por pouco que fosse, o esforço quase heróico de recuperação que nessa altura estava a ser tentado sob a forma de uma experiência que se admitia construir um passo decisivo para a reestruturação da nossa Universidade.
Entenderam-no de forma diversa os ilustres professores que constituem o conselho escolar.
Com enorme sacrifício dos seus muitos afazeres, voltaram alguns à sua escola, não para dar aulas, como seria desejável, mas para ordenar o seu encerramento. Fizeram-no à boa maneira antiga, furtivamente e com o recurso à força pública; e dando a todo o País um péssimo exemplo de indisciplina, pois que com essa medida contrariaram frontalmente a política de conciliação e renovação a que o Governo se estava votando. Cônscios da sua força, que não da razão que lhes assistia, um reduzido número de detentores de cátedras, a que me repugna chamar professores, resolveu ajudar o País no transe que atravessa, eliminando de uma assentada todo o esforço de um ano de laboriosas negociações, em que os estudantes deram sobejas provas de maturidade e de espírito de compreensão pelas limitações que se lhes deparavam.
O Sr. Agostinho Cardoso: - Muito bem!
O Orador: - Esta medida discricionária não pode apontar outra justificação que não seja o desejo declarado de uns tantos professores imporem as suas opiniões e a sua lei. Foram-lhe totalmente alheios o Ministro, o reitor e a direcção da escola, constituída por um director e cinco subdirectores recentemente eleitos.
Com ela só se pode pretender anular todas as aquisições da experiência em curso, lançando a confusão nos espíritos e suscitando reacções. O corpo docente do Instituto encontra o seu suporte em oitenta e quatro assistentes, dado que raros são os catedráticos e professores extraordinários que leccionam com regularidade. Chamados pelo Governo e as empresas privadas a lugares de responsabilidade na administração, não lhes sobra tempo, como é óbvio, para um ensino eficaz. Daí a degradação constante que este tem sofrido e a situação de rotura a que a estrutura do Instituto foi conduzida.
A questão agora levantada e a situação de facto que se gerou são tão graves que transcendem a simples réplica às insinuações dirigidas nesta Câmara a um homem digno, que, nem por ser meu adversário político, deixo de considerar. Como professor, Francisco Pereira de Moura não seguiu o exemplo de colegas igualmente brilhantes, dedicando toda a sua vida e energia ao ensino. Enfim, por alguma razão permanece na categoria de primeiro-assistente.
O Sr. Casal-Ribeiro: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Não. Desculpe V. Ex.ª, mas não dou.
O Sr. Casal-Ribeiro: - Isto é o que se chama um espírito liberal!
O Sr. Presidente: - O orador é livre de conceder ou não autorização para que o interrompam.
O Sr. Casal-Ribeiro: - Com certeza, Sr. Presidente. Mas, em todo o caso, não posso deixar de notar a liberalidade do Sr. Deputado Correia da Cunha.
O Sr. Presidente: - V. Ex.ª poderá depois usar da palavra, inscrevendo-se devidamente para esse efeito.
O Orador: - Ele tem sido, neste desabrochar de conflitos e paixões, não o elemento subversivo que aqui foi referido, mas leal colaborador da hierarquia universitária e o fiel intérprete da enorme massa de estudantes que nele confia.
Chocante, pois, o contraste com a atitude adoptada por alguns dos senhores catedráticos. E porque alguém tem de assumir a responsabilidade de todos os prejuízos materiais e morais decorrentes de semelhante arbitrariedade, eu apelo veementemente para os Srs. Presidente do Conselho e Ministro da Educação nacional no sentido de ser considerado o imediato afastamento de todos os professores que, real ou virtualmente, ocupam cargos docentes e directamente participam na resolução. Uma medida que vai impedir a formatura de cento e cinquenta novos licenciados em Economia e repercutir da forma mais nociva em toda a Universidade portuguesa só pode ser taxada de traição e, como tal, passível da mais enérgica sanção. (p. 271 – 275).
Wednesday, September 05, 2007
Actualidades III.17. A Censura Prévia
O Sr. Miller Guerra: - … Agrada-me o debate franco, como aquele que estes dias decorreu aqui.
Bem desejava asseverar que a mesma liberdade de expressão foi respeitada fora da Assembleia Nacional, mas a verdade manda dizer que não sucedeu assim.
O Sr.Almeida Cotta: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Faça favor.
O Sr.Almeida Cotta: - Estou autorizado a afirmar o seguinte:
1.º A Presidência do Conselho deu ordem categórica para não serem feitos cortes nos textos dos discursos dos Srs. Deputados, quando do texto autêntico se trate;
2.º Tendo o Presidente da Assembleia transmitido a queixa de V. Ex.ª, foram pedidas explicações, tendo a Direcção dos Serviços de Censura informado que não houve cortes no texto do discurso, mas sim nos subtítulos com que certo jornal pretendia tirar efeito de certas passagens e nos comentários desse mesmo periódico.
O Orador: - Agradeço muito a V. Ex.ª a comunicação que faz, mas tenho provas de que foi cortado o texto, e por consequência, se o Sr. Presidente me dá licença, leio integralmente aquilo que tinha escrito.
A Comissão de Lisboa dos Serviços de censura maculou, com os seus cortes autoritários, alguns lances do aviso prévio, impedindo que os leitores de um jornal, pelo menos, conhecessem o que o Deputado avisante dissera no pleno uso dos seus direitos e imunidades.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - A dita Comissão atreveu-se a ir mais longe: não só cortou a seu bel-prazer o que entendeu e quis, mas o que é muito pior, adulterou o meu pensamento e intenção, obrigando-me a dizer o contrário do que havia dito.
O Sr. Pinto Machado: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Tenha a bondade.
O Sr. Pinto Machado: - Em achega ao que o Sr. Deputado Almeida Cotta tinha referido, devo dizer que, em seguimento do meu requerimento em que pedia fotocópias das provas de imprensa relativas aos debates da Assembleia Nacional, com os cortes feitos pela censura, fui à Direcção-Geral da Informação, onde observei essas provas e onde tive o prazer de ouvir, do Sr. Director-Geral da Informação, que esses cortes haviam sido feitos sem o seu conhecimento, declarando-me ainda que tal não voltaria a acontecer, Por essa razão é que até eu entendi que estava dispensado de fazer qualquer intervenção na Assembleia sobre o assunto, visto que o objectivo estava atingido: ter essa garantia, Pelos visto, não foi respeitada.
O Orador: - Muito obrigado pelo esclarecimento.
É com profunda mágoa que aludo a factos tão lastimáveis no encerramento do debate sobre uma matéria de grande importância para a Nação. Mas não posso deixar de o fazer, para que a Assembleia saiba que as vozes que cá dentro falam livremente, são estranguladas à saída.
Aqui fica, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o meu protesto solene pela falta de respeito com que a Comissão supracitada trata a cultura superior e a inteligência portuguesa. (p. 298 – 300).
Bem desejava asseverar que a mesma liberdade de expressão foi respeitada fora da Assembleia Nacional, mas a verdade manda dizer que não sucedeu assim.
O Sr.Almeida Cotta: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Faça favor.
O Sr.Almeida Cotta: - Estou autorizado a afirmar o seguinte:
1.º A Presidência do Conselho deu ordem categórica para não serem feitos cortes nos textos dos discursos dos Srs. Deputados, quando do texto autêntico se trate;
2.º Tendo o Presidente da Assembleia transmitido a queixa de V. Ex.ª, foram pedidas explicações, tendo a Direcção dos Serviços de Censura informado que não houve cortes no texto do discurso, mas sim nos subtítulos com que certo jornal pretendia tirar efeito de certas passagens e nos comentários desse mesmo periódico.
O Orador: - Agradeço muito a V. Ex.ª a comunicação que faz, mas tenho provas de que foi cortado o texto, e por consequência, se o Sr. Presidente me dá licença, leio integralmente aquilo que tinha escrito.
A Comissão de Lisboa dos Serviços de censura maculou, com os seus cortes autoritários, alguns lances do aviso prévio, impedindo que os leitores de um jornal, pelo menos, conhecessem o que o Deputado avisante dissera no pleno uso dos seus direitos e imunidades.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - A dita Comissão atreveu-se a ir mais longe: não só cortou a seu bel-prazer o que entendeu e quis, mas o que é muito pior, adulterou o meu pensamento e intenção, obrigando-me a dizer o contrário do que havia dito.
O Sr. Pinto Machado: - V. Ex.ª dá-me licença?
O Orador: - Tenha a bondade.
O Sr. Pinto Machado: - Em achega ao que o Sr. Deputado Almeida Cotta tinha referido, devo dizer que, em seguimento do meu requerimento em que pedia fotocópias das provas de imprensa relativas aos debates da Assembleia Nacional, com os cortes feitos pela censura, fui à Direcção-Geral da Informação, onde observei essas provas e onde tive o prazer de ouvir, do Sr. Director-Geral da Informação, que esses cortes haviam sido feitos sem o seu conhecimento, declarando-me ainda que tal não voltaria a acontecer, Por essa razão é que até eu entendi que estava dispensado de fazer qualquer intervenção na Assembleia sobre o assunto, visto que o objectivo estava atingido: ter essa garantia, Pelos visto, não foi respeitada.
O Orador: - Muito obrigado pelo esclarecimento.
É com profunda mágoa que aludo a factos tão lastimáveis no encerramento do debate sobre uma matéria de grande importância para a Nação. Mas não posso deixar de o fazer, para que a Assembleia saiba que as vozes que cá dentro falam livremente, são estranguladas à saída.
Aqui fica, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o meu protesto solene pela falta de respeito com que a Comissão supracitada trata a cultura superior e a inteligência portuguesa. (p. 298 – 300).
Tuesday, September 04, 2007
Actualidades III.18. Fecho
Julgo que há vantagens em apontar, em voz alta, os defeitos e os erros, e também as soluções, porque só assim se pode ver, a plena luz, o estado grave a que chegou o ensino, e aplicar-lhe o remédio correspondente.
O silêncio é conservador. O progresso não se faz sem polémica. Quem quer progredir tem de aceitar, de boa ou má vontade, incómodos e perturbações. Os que pretendem avançar sem sobressaltos são vítimas de uma ilusão tentadora O ponto essencial está em saber quais são as pessoas ou os grupos incomodados, se aqueles que têm por si a razão e a justiça, se os que se aliaram à rotina, aos interesses e aos privilégios.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Não tenho dúvida nenhuma de que a vitória será dos primeiros, mas têm de lutar por ela. (p. 300 – 301).
… Disse e sustento que se faz mister reformar a educação superior – isto nada tem a ver com as pessoas, mestres ou discípulos, mas com o quadro institucional que os formou, lhes modela o espírito e demarca o campo da acção. Até onde podia ter chegado o génio universitário português se não fosse apertado nas malhas de uma instituição anacrónica? A energia desbaratada na luta contra a rotina e a incompreensão, que fruto não daria aplicada ao ensino e à pesquisa científica?
Recomendar, como se repete todos os dias, a reforma da mentalidade, sem dizer mais do que isto, é uma afirmativa bem intencionada, mas inoperante.
A maneira de pensar e de agir não se transforma nem modifica, enquanto as circunstâncias concretas da existência dos homens – universitários ou não – se desenrolarem dentro de estruturas caducas.
…
Ao longo da história da nossa cultura deparam-se-nos duas tradições: a dos reformadores e a dos conservadores; os primeiros dão o avanço, os segundos estabilizam-no e, quantas vezes, o petrificam! Sou, claro está, pelos que reformam, criam, abrem horizontes às Universidades e à educação. (p. 301 – 302).
O resto é História.
O silêncio é conservador. O progresso não se faz sem polémica. Quem quer progredir tem de aceitar, de boa ou má vontade, incómodos e perturbações. Os que pretendem avançar sem sobressaltos são vítimas de uma ilusão tentadora O ponto essencial está em saber quais são as pessoas ou os grupos incomodados, se aqueles que têm por si a razão e a justiça, se os que se aliaram à rotina, aos interesses e aos privilégios.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Não tenho dúvida nenhuma de que a vitória será dos primeiros, mas têm de lutar por ela. (p. 300 – 301).
… Disse e sustento que se faz mister reformar a educação superior – isto nada tem a ver com as pessoas, mestres ou discípulos, mas com o quadro institucional que os formou, lhes modela o espírito e demarca o campo da acção. Até onde podia ter chegado o génio universitário português se não fosse apertado nas malhas de uma instituição anacrónica? A energia desbaratada na luta contra a rotina e a incompreensão, que fruto não daria aplicada ao ensino e à pesquisa científica?
Recomendar, como se repete todos os dias, a reforma da mentalidade, sem dizer mais do que isto, é uma afirmativa bem intencionada, mas inoperante.
A maneira de pensar e de agir não se transforma nem modifica, enquanto as circunstâncias concretas da existência dos homens – universitários ou não – se desenrolarem dentro de estruturas caducas.
…
Ao longo da história da nossa cultura deparam-se-nos duas tradições: a dos reformadores e a dos conservadores; os primeiros dão o avanço, os segundos estabilizam-no e, quantas vezes, o petrificam! Sou, claro está, pelos que reformam, criam, abrem horizontes às Universidades e à educação. (p. 301 – 302).
O resto é História.
Monday, September 03, 2007
V. Grandes e Pequenos
Era uma vez um país pequeno em tamanho, mas que teve grandes políticos. O Infante D. Henrique, de Sagres ou O Navegador. D.João II, O Príncipe Perfeito pela forma como exerceu o poder, o senhor dos senhores, não o servo dos servos. Manuel Fernandes Tomás, figura primordial do liberalismo vintista. Silvestre Pinheiro Ferreira, filósofo e ministro do Interior, Guerra e Negócios Estrangeiros, depois de 1820. Mouzinho da Silveira, uma das personalidades maiores da revolução liberal. Almeida Garrett, escritor e dramaturgo romântico, orador, Par do Reino, ministro e secretário de Estado honorário português. Feliciano de Castilho, autor da Chronica certa muito verdadeira da Maria da Fonte, escrevida por mim mesmo que sou seu tio, o mestre Manuel da Fonte, sapateiro do Peso da Régua, dada à luz por um cidadão demitido que tem tempo para tudo. José Estêvão, de 1836 a 1862, a figura dominante da oposição de esquerda na Câmara dos Deputados. Alexandre Herculano, para quem «a pátria tinha o direito de exigir tudo de seus filhos, menos o aviltamento.» Rebelo da Silva, magistrado e jurisconsulto notável, deputado às Cortes Constituintes de 1820 e membro da Regência do Brasil de 1822.
Henriques Nogueira, cujos Estudos … foram uma das bases ideológicas do programa do Partido Republicano Português, e os escritos influenciaram a legislação social da Primeira República Portuguesa. D. Pedro V, O Esperançoso, O Bem-Amado ou O Muito Amado. Antero de Quental, para quem os ideais de fraternidade e solidariedade não podiam ser em vão. Teófilo Braga, autor de obras de história literária, etnografia, poesia, ficção e filosofia, doutorado em direito, Presidente da República. Oliveira Martins, historiador, economista, antropólogo, crítico social e político, cujos trabalhos tiveram considerável influência na vida política do seu tempo. Eça de Queirós, diplomata e um dos nomes mais importantes da literatura portuguesa. Sampaio Bruno, figura cimeira do ideário republicano Portuense. João Chagas, jornalista, escritor, crítico literário, diplomata e Primeiro Ministro. Raul Proença, figura cimeira do pensamento político português no primeiro quartel do século XX, marcando decisivamente a intervenção cívica durante a Primeira República Portuguesa. António Sérgio, escritor, pensador, pedagogo e político dos mais marcantes do século XX português. Uma longa lista de apenas alguns exemplos.
A pequenez é contagiante e nesse país há, cada vez mais, pequenos políticos. Pessoas sem qualidades, cuja ambivalência em relação à moral e indiferença em relação ao público os faz dependerem da opinião dos outros para formarem o seu próprio carácter. Personalidades sem personalidade, para quem a falta de qualquer essência profunda e a ambiguidade como atitude geral perante a vida são as principais características. Incapazes de decidirem ou até de não decidirem, tal como religiosos que, de momento, não acreditam em nada. Sem um sentido comum da realidade ou com um sentido da realidade suspenso.
Gente que apela a todos os patriotas a uma acção furiosa para demonstrarem a supremacia política, cultural e filosófica do país, em manifestações que chamem a atenção dos cidadãos e dos povos de todo o Mundo, para sempre. Falsos empreendimentos, cujo objectivo é tudo e coisa nenhuma. Repositórios perfeitos de toda a espécie de idealismos frustrados, beneficências desgovernadas e charlatanismo descarado.
Homens e mulheres de borracha, cujo espectáculo é demasiado desmoralizante e revoltante para a juventude que esperou mais de trinta anos para os ver, agora, sentados nas cadeiras das assembleias e da burocracia. Que coisa terrível de se ser. Que coisa triste de se ver. Gente cheia de promessas e discursos vazios. A soberania, una e indivisível, reside no povo (N.º 1 do Artigo 3.º da Constituição). Os representantes eleitos e os governantes, não eleitos, não são soberanos; servem. Seria bom que não se esquecessem disso, para que representem os interesses do país, em vez dos seus próprios interesses, em dissonância com a maioria dos eleitores.
A nação está refém dum movimento de ignorância, de políticos desqualificados, aspones e asmenes hostis à acomodação e incapazes de lidar adequadamente com as tensões sociais e políticas. O serviço é tão mau que nem o vencimento merecem. Os contribuintes reclamam a devolução do dinheiro que recebem.
É crescente a intolerância, a desonestidade intelectual. Aceitam que lhes sejam atribuídos graus universitários que não existem. Na página oficial é dado o título de «Prof.» ao Presidente. Será porque está em acumulação? Na biografia lê-se que «quando foi eleito Presidente …, era professor catedrático na universidade». Se era é porque já não é, certo? Uma no prego, outra na ferradura.
Negar a evidência que se tem à frente é uma forma extrema de um mecanismo de sobrevivência: a negação. É difícil pôr num divã um governo e um partido que insistem em afirmar como facto, o que não ocorreu. Isso, porém, não impede que se diga que estão «num estado de negação». O que os denuncia é o perpétuo optimismo que manifestam, uma certeza patológica de que tudo está a correr bem. As pessoas recorrem à negação quando reconhecem que a verdade irá destruir qualquer coisa a que têm muito apego.
Uma coisa que todos tentam proteger é uma auto-imagem positiva. Quanto mais importante é o aspecto da própria imagem que é posto em causa pela verdade, tanto maior é a probabilidade de se enveredar pela negação. Se se tem um forte sentido da sua própria importância e competência, qualquer assomo de dúvida de si próprio, qualquer aceitação de fracasso pode ser devastadora e qualquer admissão de erro, dolorosa, ao ponto de ser impensável. A negação resulta da dissonância entre acreditar que se é competente e cometer um erro, o que choca com essa imagem. A solução: negar o erro cometido.
Se um político pensa que é competente e inteligente e toma uma decisão de consequências desastrosas, a única maneira de reconciliar a sua auto-imagem com o falhanço é negar o falhanço. Um político que acredita que detém a verdade torna-se incapaz de se auto-corrigir, fechando os olhos à informação que o pode levar a duvidar da decisão que tomou. Um político, cuja auto-imagem de competência e inteligência superior é posta em causa, pela verdade de que cometeu um erro, é muito mais provável que negue essa verdade.
O domínio pode ser exercido, mas a autoridade legítima tem que ser ganha. Não é o caso de uma administração com um Plano Tecnológico, incapaz de manter iluminadas as ruas, praças e estradas do país. Estão fundidas as lâmpadas e nós também, estamos às escuras.
Sunday, September 02, 2007
You've Got Ranking: Mais
Coimbra mantém liderança entre as universidades:
Blog de Campus, 20 Novembro 2007
Universidades portuguesas estão fora da elite mundial:
Blog de Campus, 9 Novembro 2007
Department of Economics. University of Connecticut
Top 10% Europe
Top 20% Institutions and Economists in Portugal
As of July 2007
Referido por: Blog de Campus, 9 Julho 2007
Jornal de Negócios, 21 Maio 2007, p. 46
Avelino de Jesus - Classificação e Ordenação das Universidades
Gestão, 2002
Universia
Ranking Iberoamericano de Instituciones de Investigación
SCImago Research Group
Ranking de Instituciones de Investigación de Portugal
NIPE - Núcleo de Investigação em Políticas Económicas
Economics Research in Portugal: People and Institutions
Econlit September 2006 (CD Edition)
New: Rebides of 2005 is now available
FCT information is now updated: December 2006
We collected 1077 publications of Portuguese Authors and Portuguese institutions in 382 international journals indexed in the EconLit database. This information is used to show the evolution of international scientific production in economics, and to produce rankings by authors and by institutions.
Sobre Rankings
Diário Económico, 22 Maio 2007, p. 50
Pedro Lourtie - A Proliferação dos «Rankings»
Universidade do Porto
UPorto: Um Lugar Entre as 100 Melhores Universidades Europeias em 2011. Relatório 2006
UNESCO-CEPES, CHE University Ranking, Institute for Higher Education Policy, 20 May 2006
Berlin Principles on Ranking of Higher Education Institutions
Blog de Campus, 20 Novembro 2007
Universidades portuguesas estão fora da elite mundial:
Blog de Campus, 9 Novembro 2007
Department of Economics. University of Connecticut
Top 10% Europe
Top 20% Institutions and Economists in Portugal
As of July 2007
Referido por: Blog de Campus, 9 Julho 2007
Jornal de Negócios, 21 Maio 2007, p. 46
Avelino de Jesus - Classificação e Ordenação das Universidades
Gestão, 2002
Universia
Ranking Iberoamericano de Instituciones de Investigación
SCImago Research Group
Ranking de Instituciones de Investigación de Portugal
NIPE - Núcleo de Investigação em Políticas Económicas
Economics Research in Portugal: People and Institutions
Econlit September 2006 (CD Edition)
New: Rebides of 2005 is now available
FCT information is now updated: December 2006
We collected 1077 publications of Portuguese Authors and Portuguese institutions in 382 international journals indexed in the EconLit database. This information is used to show the evolution of international scientific production in economics, and to produce rankings by authors and by institutions.
Sobre Rankings
Diário Económico, 22 Maio 2007, p. 50
Pedro Lourtie - A Proliferação dos «Rankings»
Universidade do Porto
UPorto: Um Lugar Entre as 100 Melhores Universidades Europeias em 2011. Relatório 2006
UNESCO-CEPES, CHE University Ranking, Institute for Higher Education Policy, 20 May 2006
Berlin Principles on Ranking of Higher Education Institutions
Saturday, September 01, 2007
Relação Universidade-Indústria
O universitário (parte do texto publicado em 2007 Fevereiro 11):
Este documento foi elaborado na sequência da publicação do projecto de decreto-lei para consulta pública «Agência de Avaliação e Acreditação para a Garantia da Qualidade do Ensino Superior», em 2007/02/01. Os acontecimentos e anúncios que precederam a publicação, tinham já sido motivo para as maiores apreensões, agora confirmadas pela natureza do projecto de decreto-lei.
As dúvidas são de grande monta. O sector envolvido é crítico para a Nação Portuguesa. Os fundamentos não parecem assentar sobre nenhum conhecimento de alto nível. A estrutura desenvolve-se com enormes falhas éticas e deontológicas, enredada por uma malha ilusória, com a conhecida configuração de uma pirâmide.
Não é fácil confrontar, com tamanhas dúvidas, quem está deslumbrado pelo poder, pelo estatuto de privilégio e prerrogativas de quem governa. Há, no entanto, sempre um momento em que o ludibriado se vê obrigado a encarar a ânsia pelos resultados fáceis e imediatos. Uma reflexão séria, no momento certo, pode ser tudo o que é necessário para evitar tão penosa situação. Nada se ganha em aniquilar o mensageiro.
O projecto, ao mesmo tempo que reconhece o pressuposto da «adesão aos princípios internacionalmente aceites» isola-se no «ensino superior», «na matéria» e na especialização «neste domínio». Sobe depois ao pedestal de DOIS «documentos essenciais de nível europeu», ambos radicados na mesma origem: a ENQA.
A ENQA é uma associação de organismos de várias nacionalidades Europeias, da qual o membro Português é sócio fundador. As actividades das ENQA foram desenvolvidas desde a criação da entidade que a precedeu, em 2000, à revelia da International Standards Organization (ISO), European Committee for Standardization (CEN), European cooperation for Accreditation (EA), International Accreditation Forum (IAF), IQNet Association – The International Certification Network, Entidad Nacional de Acreditación (ENAC) e, em Portugal, do Sistema Português da Qualidade (SPQ), Instituto Português da Qualidade (IPQ), Instituto Português de Acreditação (IPAC), Organismos de Certificação Acreditados (OCA) de Sistemas de Gestão da Qualidade (EN 45012) do Sector de Actividade Económica (EA) Educação, Associação Portuguesa de Certificação (APCER), Certificação de Auditores, Normas Internacionais, Europeias e Portuguesas, Base de Dados Nacional de Sistemas de Gestão Certificados e da legislação em vigor, nomeadamente os Decretos-Lei 125/2004 de 31 de Maio e 140/2004 de 8 de Junho.
Esta ignorância ou arrogância em relação ao Sistema de Gestão da Qualidade é, talvez, mais uma manifestação atávica no ensino superior, contra a qual vêm lutando, ao longo da história da humanidade, todos os que se têm oposto ao privilégio hereditário e à discriminação. A própria designação de «superior» é disso, eventualmente, uma mensagem subliminar, que agora alguns tentam combater com a alternativa de «terciária», esta de efeito oposto. Infelizmente, nada há de superior, nem terciário, na ignorância, no obscurantismo, no comportamento retrógrado e reaccionário.
O empresário (parte da intervenção em Audição Parlamentar de 2007 Julho 09):
Pedro de Almeida, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.
… Não me parece que esta lei deixe ficar muito claro como é que vai funcionar. Foi referido (e nós temos acompanhado várias iniciativas tomadas pelo ministério, pelo ministro, relativamente a este aspecto) na apresentação de uma sessão pública que houve de apresentação de uma agência de qualidade do ensino superior (não sei se se designa exactamente assim), acompanhámos também a apresentação que foi feita de apresentação desta lei, eu pessoalmente tenho acompanhado o debate no Conselho Nacional de Educação e há uma preocupação que louvo, que louvamos, que é a preocupação com a qualidade do ensino superior e a qualidade passa, seguramente, pela integração do ensino superior num sistema de qualidade e o sistema de qualidade tem as suas formas de funcionar a que nós estamos habituados no sector empresarial. Não é claro, para nós, como é que este sistema vai funcionar no caso do ensino superior. Esta lei não diz. Penso que faz alguma confusão entre acreditação e avaliação. Não refere a questão da certificação e a própria forma como esta acreditação, certificação, avaliação é feita, porque entidades e organismos, não é clara, mas esperamos que isso seja matéria que venha a ser esclarecida posteriormente.
Fonte: Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura
Quem é que está de fora da relação universidade-indústria?
Quem não está nem na universidade, nem na indústria.
Este documento foi elaborado na sequência da publicação do projecto de decreto-lei para consulta pública «Agência de Avaliação e Acreditação para a Garantia da Qualidade do Ensino Superior», em 2007/02/01. Os acontecimentos e anúncios que precederam a publicação, tinham já sido motivo para as maiores apreensões, agora confirmadas pela natureza do projecto de decreto-lei.
As dúvidas são de grande monta. O sector envolvido é crítico para a Nação Portuguesa. Os fundamentos não parecem assentar sobre nenhum conhecimento de alto nível. A estrutura desenvolve-se com enormes falhas éticas e deontológicas, enredada por uma malha ilusória, com a conhecida configuração de uma pirâmide.
Não é fácil confrontar, com tamanhas dúvidas, quem está deslumbrado pelo poder, pelo estatuto de privilégio e prerrogativas de quem governa. Há, no entanto, sempre um momento em que o ludibriado se vê obrigado a encarar a ânsia pelos resultados fáceis e imediatos. Uma reflexão séria, no momento certo, pode ser tudo o que é necessário para evitar tão penosa situação. Nada se ganha em aniquilar o mensageiro.
O projecto, ao mesmo tempo que reconhece o pressuposto da «adesão aos princípios internacionalmente aceites» isola-se no «ensino superior», «na matéria» e na especialização «neste domínio». Sobe depois ao pedestal de DOIS «documentos essenciais de nível europeu», ambos radicados na mesma origem: a ENQA.
A ENQA é uma associação de organismos de várias nacionalidades Europeias, da qual o membro Português é sócio fundador. As actividades das ENQA foram desenvolvidas desde a criação da entidade que a precedeu, em 2000, à revelia da International Standards Organization (ISO), European Committee for Standardization (CEN), European cooperation for Accreditation (EA), International Accreditation Forum (IAF), IQNet Association – The International Certification Network, Entidad Nacional de Acreditación (ENAC) e, em Portugal, do Sistema Português da Qualidade (SPQ), Instituto Português da Qualidade (IPQ), Instituto Português de Acreditação (IPAC), Organismos de Certificação Acreditados (OCA) de Sistemas de Gestão da Qualidade (EN 45012) do Sector de Actividade Económica (EA) Educação, Associação Portuguesa de Certificação (APCER), Certificação de Auditores, Normas Internacionais, Europeias e Portuguesas, Base de Dados Nacional de Sistemas de Gestão Certificados e da legislação em vigor, nomeadamente os Decretos-Lei 125/2004 de 31 de Maio e 140/2004 de 8 de Junho.
Esta ignorância ou arrogância em relação ao Sistema de Gestão da Qualidade é, talvez, mais uma manifestação atávica no ensino superior, contra a qual vêm lutando, ao longo da história da humanidade, todos os que se têm oposto ao privilégio hereditário e à discriminação. A própria designação de «superior» é disso, eventualmente, uma mensagem subliminar, que agora alguns tentam combater com a alternativa de «terciária», esta de efeito oposto. Infelizmente, nada há de superior, nem terciário, na ignorância, no obscurantismo, no comportamento retrógrado e reaccionário.
O empresário (parte da intervenção em Audição Parlamentar de 2007 Julho 09):
Pedro de Almeida, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.
… Não me parece que esta lei deixe ficar muito claro como é que vai funcionar. Foi referido (e nós temos acompanhado várias iniciativas tomadas pelo ministério, pelo ministro, relativamente a este aspecto) na apresentação de uma sessão pública que houve de apresentação de uma agência de qualidade do ensino superior (não sei se se designa exactamente assim), acompanhámos também a apresentação que foi feita de apresentação desta lei, eu pessoalmente tenho acompanhado o debate no Conselho Nacional de Educação e há uma preocupação que louvo, que louvamos, que é a preocupação com a qualidade do ensino superior e a qualidade passa, seguramente, pela integração do ensino superior num sistema de qualidade e o sistema de qualidade tem as suas formas de funcionar a que nós estamos habituados no sector empresarial. Não é claro, para nós, como é que este sistema vai funcionar no caso do ensino superior. Esta lei não diz. Penso que faz alguma confusão entre acreditação e avaliação. Não refere a questão da certificação e a própria forma como esta acreditação, certificação, avaliação é feita, porque entidades e organismos, não é clara, mas esperamos que isso seja matéria que venha a ser esclarecida posteriormente.
Fonte: Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura
Quem é que está de fora da relação universidade-indústria?
Quem não está nem na universidade, nem na indústria.
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