A própria educação «latina» nos promove a psique do tutelado, causa verdadeira do centralismo. O temperamento da nossa elite, que se revela em Tubaronismo nas facções políticas, manifesta-se em Sebentismo na educação. Como todos sonham com a burocracia (a da farda – valha-nos Deus! – e a da manga-de-alpaca), o Estado estabelece a selecção por meio de exames e de concursos, teias de aranha para a empenhoca: donde resulta que a escola pública, com o seu programa, visa a atulhar o capa-e-batina como um armazém de bacalhoeiro, desprezando o carácter e a iniciativa: a última, aliás, incombinável com este sistema, porque a mesa da secretária convém sobretudo aos que a não possuem. A chamada educação «jesuítica» (memória e obediência) é justamente a burocrática, e não dura (como dizem) por culpa eterna dos jesuítas, mas por obra e graça do burocratismo: é a educação para um povo de funcionários, fardados e não fardados.
(Artigo publicado na «Águia», Junho 1917).
António Sérgio - A Propósito dos Ensaios Políticos de Spencer. In «Ensaios». 2.ª ed. t. II, p. 181-204.
Everything you wanted to know about higher education but were too bus(laz)y to search the Web
Monday, June 25, 2007
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1 comment:
Abençoado seja quem traz Homens de escrita e luta como o António Sérgio às páginas dos blogues.
A teia e sua fina tecedura têm centenas de anos, por isso este aperfeiçoar de robustez que lhes dá auras de ser cpaz de deter um A380.
Depois temos o medo, o medo que faz secar a água na boca, que faz tremer as pernas e fazer com a voz pareça um fiosinho de som.
Esta corja, amarela, vermelha, rosa, laranja, de todas as cores do arco-íris é quase invencível.
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