Considerado na sua maior generalidade, o problema da extinção da miséria é por certo um dos mais difíceis, que se têm proposto ao exame dos filósofos. Questão complexa, nunca chegará a resolver-se enquanto for encarada por um só ou poucos dos seus aspectos. Fenómeno produzido por causas diversas, que assentam já na forma e regímen vicioso do governo, na má organização da sociedade, já na índole mesma, nos costumes e ideias dos indivíduos, a miséria só terá remédio, quando se removerem todas as causa que a produzem.
Enquanto virdes o Estado dirigido pelos que querem lucrar e não despender; o soldado com a arma ao ombro e a enxada ao lado; o contribuinte a entregar aos agiotas e aos prevaricadores o que devia empregar para seu benefício; o pretendente a requerer em vez de trabalhar; o capitalista tirar lucros fabulosos dos seus contratos leoninos; o operário à procura de trabalho sem o achar; a donzela a prostituir-se pela fome; o doente a procurar o hospital; o mendigo a pedir de porta em porta; a criança a embrutecer no abandono – ficai certos que o mal não está sarado, nem pode sarar-se, enquanto todas estas chagas não desaparecerem do corpo social.
J. F. Henriques Nogueira - A Miséria Só Terá Remédio Quando se Removerem Todas as Causas que a Produzem. In «Estudos Sobre a Reforma em Portugal». Lisboa: 1851. p. 283-294.
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Thursday, June 14, 2007
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