Honra a quem melhor souber ensinar a virtude, distribuir a ciência e a riqueza, entre um povo infeliz, digno de melhor sorte. Trata dele e vê-lo-eis crescer e medrar – até ao dia em que dispense a tutela historicamente indispensável de classes privilegiadas, militares ou industriais, aristocráticas ou burguesas. Então a democracia será uma verdade e não uma ficção; a liberdade um facto, não uma fórmula; a sociedade uma harmonia, e não um caos. Mas, ai dos que não tiverem olhos para ver! Porque a marcha dos tempos, o andar das coisas não param; e se em vez de educar, seguirem destruindo; se em vez de proteger, explorarem o povo as classes que agora o dirigem, a democracia nem por isso deixará de vir. Mas virá com um brandão incendiário, um grito de guerra, uma foice, um chuço, um machado, vingar-se de quem não soube cumprir o seu dever. Assim faziam na Idade Média os jacques aos senhores nos seus castelos; e por honra do nosso século os novos barões deveriam mostrar pelo menos uma inteligência mais perspicaz, se não podem dar provas de uma virtude maior.
Oliveira Martins - Advertência a «Portugal Contemporâneo» (1881). 7.ª ed. Lisboa: 1953. p. 30-38.
Everything you wanted to know about higher education but were too bus(laz)y to search the Web
Saturday, June 23, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment