Ora a representação nacional há muito tempo que está sendo em Portugal uma farsa ridícula para a ciência e uma vergonha pública para o patriotismo. A câmara é de uma ignorância enciclopédica. Erra e insulta, e não se esclarece nem se desafronta, o que prova que não tem ciência e que parece não ter carácter.
Poderíamos confirmar com muitos exemplos tirados dos últimos debates parlamentares a verdade dessa asserção, que poderá ser tida por ousada, mas não por duvidosa. Não particularizamos esses factos porque eles envolvem nomes de homens, e nós, que não temos dúvida em deixar cair sobre as pessoas o ridículo, temos repugnância em deixar pesar sobre elas a vergonha. A crítica, se a levássemos até aí, tornar-se-ia uma execução de alta justiça, porque o ridículo lava-se na reabilitação com que nos retemperam os actos sérios, a vergonha quando mancha o carácter faz uma nódoa corrosiva e indelével. As Farpas ferem apenas. O ferrete imprime-se com o ferro em brasa. Por essa razão preferimos adoptar neste assunto a generalidade impessoal.
Faltam à câmara as ideias políticas e faltam-lhe os princípios morais. Daqui resulta uma perturbação insanável, um mal sem cura. É a corrupção, a gangrena, é a paralisação senil afectando o jogo de todo o maquinismo constitucional.
As Farpas. ed. de 1943. t. IV, p. 119–132.
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Saturday, June 09, 2007
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