Será falso o argumento da incapacidade do País, com que os senhores deputados combatem a oportunidade da república em Portugal? Não é. Se a câmara que aí temos diante dos nossos olhos é a expressão legítima do sufrágio popular, o argumento é verdadeiro: o país é incapaz. Somente as consequências que esse argumento encerra não ferem apenas o direito à república, ferem também o direito à liberdade. A lógica não pode parar onde à casuística dos rábulas apraz que lea pare: a lógica há-de ir até onde o senso comum a possa acompanhar, e a lógica leva o juízo, a boa-fé e a verdade a declararem abertamente o seguinte: Se a câmara electiva que acaba de ocupar-se da discussão destes princípios dá efectivamente a medida legal e autêntica da moral, da virtude e da capacidade pública, então a questão do governo não pode versar entre uma república e uma monarquia democrática e parlamentar. A questão é mais complexa e mais elevada. A questão, senhores deputados, é se Vossas Excelências têm ou não têm a capacidade precisa para serem os representantes de um povo independente. A questão é de eleição ou de não eleição; é de governo livre ou de governo despótico. Se os legítimos representantes do povo prestam, nós teremos a liberdade com qualquer dos dois governos livres – república democrática ou monarquia parlamentar. Se os legítimos representantes do povo não prestam, teremos – a anarquia na república, e teremos a escravidão na monarquia.
As Farpas. ed. de 1943. t. IV, p. 119–132.
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Sunday, June 10, 2007
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